Pacientes críticos costumam passar muitos dias acamados, sem mobilização, e muito se discute sobre os prejuízos funcionais, pós-internação, dessa imobilização. Nesse sentido, destaca-se o declínio da massa muscular, que resulta em redução de força e de qualidade de vida, por influenciar a capacidade de motora para atividades de vida diária após a internação.
Desta forma, a literatura tem apontado diversos benefícios clínicos de uma abordagem fisioterápica através de programas de reabilitação precoce aplicados aos pacientes críticos. Existem protocolos específicos que consideram intubação, parâmetros respiratórios, ventilação e sedação, e dão segurança ao início precoce dos exercícios de reabilitação funcional. A utilização de tais protocolos está associada a recuperação mais rápida do paciente, menos tempo de internação na UTI, melhora da função respiratória, diminuição do tempo de ventilação mecânica, melhora do nível de consciência, aumento da independência funcional, ganho de força e resistência muscular, melhora da flexibilidade articular, melhora da aptidão cardiovascular e aumento do bem estar psicológico.
A reabilitação funcional ainda é pouco adotada na prática clínica, embora muitos estudos demonstrem seus benefícios. Recente revisão sistemática e metanálise reuniu dados de 43 ensaios clínicos que avaliaram mortalidade, tempo de permanência em UTI e no hospital, dias em ventilação mecânica e eventos adversos em pacientes adultos críticos que receberam ou não reabilitação funcional. Foi observado que os exercícios de reabilitação não tiveram impacto na mortalidade, demonstrando ser seguros para os pacientes, mas foram capazes de reduzir o tempo em ventilação mecânica e de permanência na UTI. Apesar disso, não foi possível observar benefícios funcionais a longo prazo.
Importante lembrar que, assim como a adoção de protocolos de reabilitação funcional, a adequada oferta de calorias e proteínas tem grande importância na recuperação e manutenção da massa muscular dos pacientes críticos, sendo muito discutido na literatura os benefícios da utilização de protocolos de suplementação proteica junto aos exercícios de reabilitação funcional, embora ainda não haja um consenso para isso.