As doenças infecciosas comuns (DICs) são consideradas endêmicas e podem afetar crianças, adultos e idosos. São classificadas em: 1) Infecções do trato respiratório superior (ITRS), como a gripe comum; 2) Infecções do trato respiratório inferior (ITRI), como bronquite e pneumonia; e 3) infecções do trato gastrointestinal (ITGI), como doenças diarreicas infecciosas.
Entre os anos de 1990 e 2017, houve uma incidência global de 17,1 bilhões de casos de ITRS, 470 mil casos de ITRI e 6,29 bilhões de casos de doenças infecciosas diarreicas em todo o mundo. Esta elevada incidência de DICs resulta no aumento dos custos médicos diretos, como consultas médicas, hospitalizações e medicamentos, mas também têm impacto nos custos médicos indiretos, devido à perda de produtividade e absentismo do trabalho ou escola, o que significa grande impacto econômico. Em conjunto, a consequência implica em intensos efeitos deletérios na qualidade de vida dos pacientes e seus familiares.
Como prevenir doenças infecciosas comuns?
A ocorrência de DICs está relacionada ao aumento da exposição a patógenos infecciosos. Por exemplo, há um aumento da incidência de infecções respiratórias e gastrointestinais em crianças que ficam em creches, portanto, medidas sanitárias e de distanciamento social são estratégias válidas na prevenção dessas infecções. O consumo de alimentos e/ou nutrientes que melhoram o desempenho do sistema imunológico também tem demonstrado efeito protetor na incidência e duração das DICs.
Uma abordagem preventiva promissora contra várias infecções, que incluem infecções respiratórias e gastrointestinais, está relacionada com a microbiota intestinal e compreende a ingestão de leite fermentado contendo o Lactobacillus casei CNCM I-1518 também conhecido como Lactobacillus casei defensis e culturas de iogurte. No entanto, o mecanismo exato de ação desse tipo de produto ainda não está totalmente elucidado.
A cepa probiótica L. casei CNCM I-1518 tem uma alta capacidade de sobrevivência no trato gastrointestinal (Oozer et al. 2006, Rochet et al. 2008). É capaz de prevenir a adesão e invasão de Escherichia coli e aumentar a atividade antimicrobiana in vitro (Ingrassia 2005, Cazorla 2018). Além disso, esta cepa de Lactobacillus casei é capaz de modular moléculas e biomarcadores envolvidos na resposta imune (Borruel 2003, Belkacem 2017, Pujol 2000, Marcos 2004, Guillemard 2010).
Este leite fermentado foi testado em seres humanos, com um efeito clínico na prevenção de infecções por Clostridium difficile (Hickson 2007) em adultos, erradicação da infecção por Helicobacter pylori em crianças em conjunto com terapia tripla (isto é, junto com um inibidor da bomba de prótons e dois antibióticos) (Sykora 2005), e também a prevenção da diarreia associada a antibióticos entre adultos (Hickson 2007).
Qual é o mecanismo de ação do leite fermentado contendo L. casei CNCM I-1518, também conhecido como L. casei defensis e culturas de iogurte envolvido na prevenção de doenças infecciosas comuns?
O mecanismo de ação envolvido na prevenção das DICs por este leite fermentado ainda não foi totalmente elucidado, mas considera-se que este Lactobacillus casei influencia a imunidade sistêmica possivelmente de três maneiras, conforme explicado a seguir: 1) modulação da microbiota intestinal, por contribuir com seu equilíbrio; 2) fortalecimento da função de barreira epitelial, inibição da adesão e crescimento de cepas patogênicas; e 3) favorecimento da resposta imune local, por meio da ativação de citocinas, como a interleucina-6, e células imunes (células T auxiliares).
Quanto consumir do leite fermentado contendo o L. casei CNCM I-1518, também conhecido como L. casei defensis e culturas de iogurte para prevenir doenças infecciosas comuns?
O consumo de leite fermentado contendo o Lactobacillus casei CNCM I-1518 e culturas de iogurte para a prevenção de DICs foi testado em crianças, adultos e idosos.
As crianças receberam 200mL de leite fermentado/dia, divididos em duas doses, que forneceram pelo menos 2 × 1010 unidades formadoras de colônias (UFC)/dia de L. casei defensis, por 12 ou 13 semanas. Várias estratégias foram testadas com adultos: 100mL, 200mL ou 300mL do mesmo produto lácteo fermentado consumidos, respectivamente, uma vez por dia por 8 semanas, duas vezes por dia por 12 semanas ou três vezes por dia por 4 semanas. Idosos receberam 200ml/dia, consumidos duas vezes ao dia por 3 a 13 semanas.
Esta recente revisão sistemática e meta-análise mostrou que pessoas que consumiram duas garrafas do leite fermentado contendo o Lactobacillus casei CNCM I-1518 (comercializada sob a marca Actimel®) tiveram 19% menos chances de sofrer um DICs, quando comparadas àquelas que consumiram o produto controle (um leite acidificado sem ingredientes ativos). Eles também encontraram uma redução significativa no número médio de DICs experimentados em indivíduos que consumiram esse leite fermentado em comparação com aqueles que consumiram o produto controle. No entanto, a magnitude dessa redução foi pequena e difícil de interpretar. Além disso, eles encontraram uma tendência de redução do risco de DICs cumulativos naqueles que consumiram o leite fermentado em comparação com aqueles que ingeriram o produto controle. No entanto, o consumo do leite fermentado não teve efeito significativo na duração ou severidade de DICs.
Vale ressaltar que o uso do leite fermentado contendo o Lactobacillus casei CNCM I-1518 como estratégia de prevenção de infecções deve estar sempre associado a mudanças de hábitos visando uma vida saudável e prevenção de doenças, que são igualmente importantes para o fortalecimento do sistema imunológico. Incluem-se a atividade física regular e moderada, uma alimentação balanceada e rica em nutrientes, com ingestão adequada de proteínas, vitaminas C, D e minerais, como o zinco, um bom estado de hidratação e sono adequado.
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