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Qual o efeito da atividade física nas doenças pulmonares?

Estudos demonstram que exercícios físicos aeróbicos diminuem a intensidade da inflamação na asma e a progressão da lesão dos pulmões na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
 
A asma caracteriza-se por uma inflamação dos brônquios que pode resultar de vários fatores (genéticos, ambientais, psicológicos e outros). Essa é a doença crônica de maior prevalência na infância e uma das mais comuns na vida adulta. O asmático típico é aquele indivíduo que está bem e, de repente, ao entrar em contato com algum fator desencadeante (estresse, poluição, fumaça de cigarro, material alergênico, gripe), entra em crise, apresentando sintomas como tosse, chiado no peito, falta de ar etc. Estes sintomas geralmente começam a se manifestar na infância, mas podem ocorrer pela primeira vez na vida adulta.
 
A DPOC também envolve inflamação. Porém surge na vida adulta. E tem, como fator principal, o tabagismo ativo. Se o pulmão de um portador de DPOC for investigado, será constatado um misto de enfisema pulmonar (destruição dos alvéolos e formação de espaços aéreos maiores) e bronquite (inflamação dos brônquios). Esses dois componentes, ambos obstrutivos, provocam uma redução do fluxo aéreo.
 
Há, contudo, uma importante diferença na evolução das duas doenças. Na asma, a pessoa piora e melhora rapidamente. Na DPOC, a função pulmonar declina de modo progressivo e irreversível. Pode haver, também, uma sobreposição das duas doenças. Às vezes, o indivíduo é asmático na infância, melhora na adolescência, passa a fumar e desenvolve DPOC.
 
Pesquisadores brasileiros lideraram uma série de estudos com enfoque para asma e a DPOC, considerando os efeitos do tabagismo, da poluição atmosférica e da atividade física (três fatores ligados ao estilo de vida). Os resultados demonstraram que o exercício aeróbico atenua ou reverte a inflamação provocada pelo quadro asmático; desacelera a progressão da DPOC, mesmo em tabagistas; e protege contra infecções.
 
Um dos estudos foi realizado em camundongos, no qual, parte dos animais foi condicionado a fazer atividade física aeróbica em esteira, 50 minutos por dia, cinco dias por semana, durante dois meses e outra parte foi levado a inalar fumaça de cigarro, em uma câmara especial. Foram então selecionados quatro grupos de animais, contemplando as quatro combinações possíveis: os que não fumavam nem faziam atividade física; os que fumavam e eram sedentários; os que fumavam e praticavam atividade física; e os que não fumavam e faziam atividade física. O estudo teve duração de seis meses, o que corresponde a um terço ou um quarto de vida dos camundongos e com os resultados os pesquisadores constataram que todos os animais expostos à fumaça do cigarro desenvolveram enfisema pulmonar evidente. Mas aqueles que, embora “fumantes”, fizeram atividade física tiveram uma atenuação muito importante no desenvolvimento do enfisema.
 
Um outro estudo, também em camundongos, dessa vez com asma, teve um formato semelhante ao anterior: parte dos quais teve asma induzida por aerossol de ovo-albumina e parte dos quais fizeram exercícios. Igualmente neste caso, foram selecionados quatro grupos: com asma e sedentário; com asma e praticante de exercício; sem asma e sedentário; sem asma e praticante de exercício. De acordo com os resultados, camundongos treinados desenvolveram inflamação pulmonar menos intensa do que os não treinados. Além disso, os animais que começaram a treinar depois de induzida a asma tiveram revertidas muitas das alterações provocadas pelo quadro asmático. “Portanto, existe um efeito tanto preventivo quanto retroativo do exercício”, concluem os autores.
 
Outro estudo constatou o efeito protetor do exercício aeróbico contra a asma em humanos. Participaram do estudo voluntários portadores de asma classificada como “moderada a grave”, mas cujos sintomas estavam controlados por meio de medicação com corticosteroides por via inalatória. Portanto, eram pessoas que não estavam em crise asmática.
 
Sob supervisão médica e acompanhamento de educadores físicos e fisioterapeutas, um grupo de voluntários fez treinamento aeróbico na esteira, com aumentos de carga e velocidade de acordo com avaliações periódicas. E outro contingente, o grupo-controle, também compareceu ao hospital, mas fez exercícios de alongamento e relaxamento, sem atividade aeróbica propriamente dita. Comparando os dois grupos, os pesquisadores perceberam que aquele que fez atividade aeróbica apresentou melhor qualidade de vida, com menos crises, e melhoria efetiva da inflamação pulmonar.
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