Estudo conduzido por pesquisadores brasileiros demonstrou que realizar as refeições em família regularmente propiciou um melhor consumo alimentar de verduras e legumes e uma redução no consumo de macarrão instantâneo, bem como favoreceu as oportunidades para uma alimentação saudável em meninas adolescentes de São Paulo.
Inspirado na iniciativa australiana “Neat Girls”, que avaliou comportamentos alimentares de adolescentes do sexo feminino, o estudo brasileiro atuou em 10 escolas técnicas (Etec) espalhadas por todas as regiões de São Paulo. As escolas foram divididas por sorteio entre grupo controle e grupo intervenção. Das 253 adolescentes, 142 participaram da intervenção com aulas, sessões de educação física, seminários, workshops culinários e troca de mensagens por Whatsapp. O restante das meninas respondeu à um questionário, sem mudanças na rotina.
Ao longo de 6 meses, as pesquisadoras trabalharam em conjunto com as professoras das Etecs, que eram aliadas no monitoramento dos resultados. A ênfase do estudo foi a importância das refeições em família (RF). Por isso, as alunas recebiam metas semanais, dentre elas o aumento das refeições realizadas de maneira conjunta.
As adolescentes realizavam em média 5,04 ± 0,20 RF por semana. A prática de RF regulares foi associada à atividade física vigorosa ativa (p = 0,009), à preparação de refeição conjunta com a família (p = 0,024), à oferta de legumes nas refeições (p = 0,037) e, entre outros, à escolha de alimentos com menor teor de gordura (p < 0,001).
Embora as mudanças no índice de massa corporal não terem sido estatisticamente significativas, as diferenças favoreceram o grupo intervenção (diferença média ajustada, -0.26kg / m², p = 0,076). Estatisticamente foram encontrados efeitos significativos de intervenção para a circunferência da cintura (-2.28cm; p = 0,01), tempo de tela de computador nos fins de semana (0,63H / dia, p = 0,02) e total de atividades sedentárias nos fins de semana (-0,92 h / dia, p < 0,01).
“Esses resultados demonstram o benefício de uma intervenção baseada na escola para evitar ganho de peso em meninas adolescentes”, concluem os autores. “Realizar as refeições diárias em família traz benefícios nutricionais, emocionais e tem implicações sobre o peso corporal. Adolescentes que realizam pelo menos 3 refeições por semana com a família são 12% menos propensos a terem excesso de peso. Além disso, existe uma associação inversa com comportamentos de alto risco na juventude. O risco de sintomas depressivos, do uso de substâncias tóxicas e de desenvolvimento de transtornos alimentares é menor nos indivíduos que realizam as refeições de maneira conjunta”, afirmam.