“Esta foi a primeira investigação sobre a associação entre comprimento dos telômeros e micronutrientes em crianças saudáveis. A razão para a relação inversa entre comprimento dos telômeros e zinco é desconhecida, mas pode ser resultado de um aumento nas deleções de sequências dos telômeros, causado pela indução do estresse oxidativo pelo zinco”, concluem os autores de um estudo publicado no Nutrition Journal. Os autores afirmam ainda que a deficiência de zinco, bem como seu excesso têm sido associados a doenças em que o encurtamento dos telômeros é uma característica chave, mas a associação entre esse mineral e os telômeros tem sido pouco explorada.
Diante desse cenário, os pesquisadores conduziram um estudo transversal que teve como objetivo determinar se fatores nutricionais são associados com o comprimento dos telômeros em crianças. Telômeros são repetições de longos hexâmeros (TTAGGG) ao final dos cromossomos e contribuem para a manutenção da estabilidade cromossômica. O encurtamento dos telômeros tem sido relacionado com câncer e outras doenças crônicas em adultos, apesar de as evidências causais para as associações serem limitadas.
Para isso, os pesquisadores avaliaram 437 crianças, com idade entre 3, 6 e 9 anos. Amostras de sangue foram obtidas de crianças saudáveis com idades de três, seis e nove anos. Os respectivos pais completaram um questionário de frequência alimentar e uma entrevista por telefone sobre exposições ambientais relevantes. Foram determinados o comprimento dos telômeros, as concentrações sanguíneas de micronutrientes e a genotipagem de 10 loci. As associações entre os micronutrientes e as outras variáveis foram avaliadas por meio de regressão linear.
Nenhum efeito interativo significativo da idade ou do gênero foi verificado. Após o ajuste para idade, gênero, nível educacional dos pais e mês da coleta de sangue os resultados dos níveis médios de micronutrientes no sangue demonstraram que o comprimento dos telômeros foram inversamente associados com as concentrações plasmáticas de zinco e foi menor em crianças com o genótipo variante em relação ao polimorfismo G80A no gene do transportador de folato – RFC (rs1051266).
Os autores afirmam que, embora os resultados sejam consistentes com asassociações observadas emestudos com adultos e com caminhos biológicos conhecidos, eles permanecemespeculativos e devem ser corroborados em outros estudos antes que recomendações nutricionais possam ser consideradas.