Estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences demonstrou que a suplementação de vitaminas do complexo B pode prevenir a doença de Alzheimer (DA) e diminuir o declínio cognitivo por retardar a atrofia de regiões específicas do cérebro em idosos.
O objetivo do estudo foi avaliar se as vitaminas do complexo B são eficazes na prevenção da atrofia da massa cinzenta do cérebro (que possui regiões afetadas pelo processo neurodegenerativo na DA) e se o efeito varia de acordo com os níveis sanguíneos de homocisteína.
Para responder a essas questões, os pesquisadores avaliaram 156 idosos, sendo que 76 deles (média de idade de 76 anos) receberam suplementação de vitaminas do complexo B e os 80 participantes restantes (média de idade de 77 anos) receberam placebo. A suplementação consistiu em: ácido fólico 0,8 mg/dia, vitamina B12 0,5 mg/dia, vitamina B6 20 mg/dia durante 24 meses. Os idosos não apresentavam DA, mas relatavam queixa de perda de memória e preencheram os critérios de Petersen como tendo comprometimento cognitivo leve. Foram realizados exames bioquímicos e de ressonância magnética para avaliar regiões específicas do cérebro no início e no final dos 24 meses.
Após os dois anos de acompanhamento, a atrofia da massa cinzenta foi encontrada em todos os idosos, abrangendo regiões relacionadas com o desenvolvimento da DA. Entretanto, os idosos que receberam a suplementação apresentaram uma redução significativa da atrofia nessas regiões cerebrais, em comparação com o grupo placebo. A perda média de massa cinzenta foi de 3,7% no grupo placebo e de apenas 0,5% no grupo suplementado com vitaminas do complexo B. Os pesquisadores observaram também que os idosos com altos níveis de homocisteína no grupo placebo apresentaram maior atrofia da massa cinzenta, em comparação com aqueles com baixos níveis de homocisteína. A suplementação com vitaminas do complexo B reduziu em 29% os níveis de homocisteína plasmática e teve um efeito ainda mais significativo na prevenção da perda de massa cinzenta nos indivíduos que apresentavam altos níveis de homocisteína no início do estudo.
Os pesquisadores levantam a hipótese de que a deficiência de vitamina B12 afeta a proliferação de células neuronais e que as vitaminas do complexo B ajudam a manter a neurogênese em regiões envolvidas no processo da DA.
“Essa pesquisa demonstra claramente que a perda de massa cinzenta em determinadas regiões do cérebro foi reduzida com o tratamento de vitaminas do complexo B. As vitaminas do complexo B vêm sendo foco de pesquisa na prevenção e tratamento da doença de Alzheimer e isto pode ser parcialmente devido aos efeitos da deficiência dessas vitaminas sobre a função cerebral”, concluem os autores.
Leia mais:
Suplementação nutricional melhora estado nutricional de pacientes com Alzheimer