Os benefícios da terapia nutricional enteral e parenteral em pacientes com câncer avançado ainda são desconhecidos. Por isso, Amano e colaboradores realizaram um estudo prospectivo a fim de avaliar os efeitos da nutrição enteral (NE) e nutrição e hidratação parenteral (NHP) na sobrevida de indivíduos em unidades de cuidados paliativos. Para realizar esse estudo, foram considerados dados demográficos, clínicos, nutricionais, antropométricos e laboratoriais de pacientes em cuidado paliativo.
Fizeram parte deste estudo 1453 pacientes, que foram divididos em grupos de acordo com a via de administração nutricional e taxa de suficiência calórica/ingestão calórica total, sendo nutrição oral (NO), nutrição enteral (NE), nutrição parenteral (NP), hidratação parenteral (HP) e baixa ingestão oral (BIO). Pacientes em NO e BIO somaram 63,2% da amostra e 34,3% estavam nos grupos NP e HP. A idade média geral dos pacientes foi 72,4 anos enquanto a idade média dos pacientes em nutrição parenteral foi mais baixa (66,4 anos). Seguindo a escala ECOG, os pacientes com capacidade de autocuidado limitada, restrito ao leito ou à cadeira mais de 50% do tempo de vigília apresentaram os maiores índices de dieta via oral, nutrição parenteral e pobre ingestão oral. Já aqueles com capacidade funcional completamente limitada receberam mais dieta enteral e nutrição e hidratação parenteral. Dos pacientes do grupo via oral, 60,6% apresentaram perda de peso em 1 mês e 71,5-85,7% dos pacientes dos outros grupos apresentaram essa perda de peso. A presença de obstrução intestinal foi maior no grupo parenteral (43,9%) e a presença de disfagia foi maior no grupo enteral (85,7%). O tempo médio de sobrevida real de todos os pacientes foi de 37,6 dias. De acordo com a taxa de suficiência calórica, a proporção de pacientes com moderada ingestão calórica (500-750kcal/dia) foi maior nos grupos ingestão oral, nutrição enteral e parenteral, enquanto a de pacientes com muito baixa ingestão calórica (<250kcal/dia) foi nos grupos pobre ingestão oral e hidratação parenteral. A taxa de sobrevida foi significativamente diferente quando separados os indivíduos de acordo com a via de terapia nutricional, sendo que a média de sobrevida foi de 43, 33 e 15 dias, nos grupos dieta enteral, dieta parenteral e grupo controle, respectivamente (p<0,001). Foi observado uma redução significativa do risco de mortalidade no grupo enteral e nutrição e hidratação parenteral em comparação com o controle (p<0,001).
Dessa maneira, os autores demonstraram os benefícios da dieta enteral e da nutrição parenteral em pacientes com caquexia por câncer avançado. Também trouxeram que a melhora da oferta nutricional deve ser buscada primeiramente por via oral e enteral, em detrimento da nutrição parenteral, pois são superiores a NP.
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal