Estudo brasileiro publicado na revista Life Sciences demonstrou que a prática de exercícios resistidos (RT) em ratos – similar à musculação ou treinamento funcional em humanos – foi capaz de prevenir alterações cardiovasculares e metabólicas induzidas por uma dieta rica em gordura.
Trata-se de um estudo experimental no qual ratos com peso entre 300 e 320g foram divididos em 4 grupos: sedentário com ração padrão (SED-SD); sedentário, com dieta rica em gordura (SED-HFD); RT com ração padrão (RT-SD); e RT com dieta rica em gordura (RT-HFD).
Os grupos treinados realizaram, durante 10 semanas, exercícios de resistência de intensidade moderada em uma escada vertical. Nas primeiras 3 semanas, todos os grupos experimentais foram alimentados com ração padrão e nas 7 semanas subsequentes, os ratos dos grupos SED-HFD e RT-HFD foram alimentados com dieta rica em gordura.
Os resultados demonstraram que nos animais sedentários, a dieta hiperlipídica modificou a expressão gênica, tornando-os mais predispostos à hipertensão. Já no grupo submetido ao treinamento de força isso não aconteceu – mesmo com a alimentação desbalanceada.
Ao analisar a expressão gênica no encéfalo dos animais, os pesquisadores observaram alterações em uma região chamada núcleo do trato solitário (NTS), muito envolvida na regulação da pressão arterial e no controle do barorreflexo (mecanismo que, quando ativado, induz vasodilatação nos vasos de resistência, redução no ritmo cardíaco e uma série de modificações para fazer com que os níveis pressóricos voltem ao normal). Nos animais submetidos à dieta hiperlipídica, houve aumento na expressão de componentes hipertensores do sistema renina-angiotensina (conjunto de peptídeos, enzimas e receptores envolvidos no controle do volume do líquido extracelular e na pressão arterial) e, por outro lado, diminuiu a expressão de componentes da via hipotensora desse sistema. De acordo com os autores, essa combinação tornou os animais mais propensos à hipertensão.
“Embora o exercício aeróbico tem sido recomendado como intervenção primária para a prevenção e tratamento de diferentes formas de hipertensão, esse estudo demonstrou que o treinamento de resistência se mostrou efetivo na redução da pressão arterial e nos riscos cardiovasculares em ratos hipertensos”, concluem os autores.