Estudo brasileiro da USP objetivou validar uma equação preditiva para gasto energético em repouso (GER) em pacientes com câncer gastrointestinal (CaGI) avançado. Para avaliaram e classificaram o estado nutricional de pacientes de acordo com seus IMCs, sendo utilizado NRS para avaliar o risco nutricional e aplicado ASG-PPP nos indivíduos com risco. Sarcopenia foi definida de acordo com o critério de Kyle, que considera a área de massa magra. O GER foi mensurado com equipamento próprio para isto. Também foi avaliado composição corporal, hidratação e ângulo de fase por impedanciometria.
O estudo incluiu 109 pacientes com diagnóstico de CaGI acima de 18 anos, e 202 mensurações de GER foram avaliadas. A maioria dos pacientes era homem (72,5%), com 60 anos ou mais (61,5%), e com câncer esofágico (62,4%). 71,6% estavam desnutridos pela classificação pelo IMC (71,6%), 79,8% com déficit de massa magra, 83,5% com sarcopenia, e a maioria apresentava ângulo de fase abaixo do percentil 50 para idade, sexo e IMC, demonstrando uma integridade celular prejudicada, além da condição de estado nutricional deficiente. 56,9% eram hipermetabólicos (56,9%) e a ingestão calórica destes nos 3 dias anteriores a aferição foi insuficiente em 43,1% dos pacientes. De acordo com o coeficiente de correlação intraclasse, notou-se uma concordância moderada entre GER aferida pelo padrão ouro (calorimetria) e a fórmula de Souza-Singer (p<0,001) e uma baixa concordância entre o padrão ouro e Harris-Benedict. Quando realizada regressão linear múltipla, observou-se que, nesse grupo de pacientes com câncer gastrointestinal, apenas massa magra, ângulo de fase e sexo foram as variáveis independentes ajustadas por idade que influenciaram o GER, diferente da fórmula de Souza-Singer.
Assim os autores propuseram a seguinte fórmula para estimar o GER em pacientes com CaGI: 619,9 + 12,9 x FFM (massa magra) + 29,6 x PA (ângulo de fase) + 111,5 x sex (0 se mulher, 1 se homem).
Concluiu-se que as equações preditivas baseadas no peso podem subestimar o gasto energético, pois a maioria dos pacientes com tumores sólidos são sarcopênicos, como na população estudada, e uma nova equação que considera AF e composição corporal pode trazer maior precisão na estimativa de GE.
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