Pacientes críticos com COVID-19 apresentam fatalidade muito maior que casos severos. Uma inundação de citocinas inflamatórias e coágulos sanguíneos foram associados com a doença mais grave e fatalidade nestes pacientes. Assim, os autores procuraram identificar um biomarcador para detecção da progressão da COVID-19 a partir de inúmeras citocinas e indicadores de coagulação. Para isso, realizaram estudo retrospectivo com pacientes diagnosticados com COVID-19 na UTI do serviço. Foram coletados todos os dados dos pacientes, inclusive os laboratoriais contendo 45 citocinas/quimiocinas/fatores de crescimento.
Fizeram parte do estudo 24 pacientes, sendo 14 considerados graves e 10 críticos. Os pacientes críticos eram significativamente mais velhos e apresentaram maior contagem de células brancas e neutrófilos. Os níveis de VEGF-D, TNF-α, SCF, LIF, IL-2, IL-4, IL-6, IL-8, IL-10, IL-15, IL-17A, IL-18, IL-1β e IFN-γ foram significativamente maiores no grupo crítico em relação ao grupo severo. D-dimer (um marcador de coagulação), idade, IL-6, e contagem de linfócitos associaram-se aos desfechos clínicos da COVID-19. Destes, o VEGF-D foi identificado como o indicador mais importante relacionado a severidade da COVID-19, inclusive em comparação do D-dimer. Os níveis de VEGF-D se correlacionaram positivamente com o escore SOFA. Os pacientes críticos apresentaram maiores níveis de VEGF-D do que os casos severos durante toda a internação.
Dessa forma, os autores reportaram o VEGF-D como sendo um potencial biomarcador para detecção da progressão da COVID-19, corroborado com outros estudos que demonstraram a importância da via do VEGF na patogênese da lesão pulmonar aguda e síndrome do desconforto respiratório agudo através de sua propriedade de aumento da permeabilidade vascular. Eles também hipotetizam que um nível elevado de VEGF-D poderia se relacionar a tempestade de coágulos sanguíneos que ocorrem nos pacientes com COVID-19 e que seria de suma importância avaliar os efeitos dos inibidores de VEGF em pacientes com COVID-19.