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Vitamina D pode estar associada com perfil da microbiota intestinal

Em estudo publicado na revista Metabolism, pesquisadores da USP sugerem que concentração devitamina D no sangue pode influenciar perfil da microbiota intestinal

Pesquisadores brasileiros analisaram dados de 150voluntários entre 20 e 30 anos (91% do sexo feminino) que estão cursando ou jáconcluíram a graduação em Nutrição. Trata-se de um estudo transversal que é umdesdobramento de um estudo maior do tipo longitudinal, o Nutritionists HealthStudy (NutriHS), que acompanha desde 2013 os hábitos de vida de uma amostraespecífica de estudantes de Nutrição e nutricionistas.

O primeiro passo dos pesquisadores foi investigar aexistência de reação entre alta ingestão de alimentos ricos em vitamina D emaior níveis do nutriente na circulação. Isso porque, de acordo com aliteratura, apenas 20% da vitamina D existente no organismo humano éproveniente da dieta. A quantidade ideal recomendada só é alcançada por meio daexposição ao sol ou pela ingestão de suplementos.

Após dosar a concentração do nutriente no sangue dosparticipantes e avaliar o padrão alimentar, o grupo concluiu que de fato haviauma associação entre maior ingestão de alimentos ricos em vitamina D e níveiscirculantes mais elevados. As principais fontes alimentares na amostra foram:ovos, leite e seus derivados.

Com base nesses resultados, a população estudada foiestratificada em três grupos: o primeiro com níveis insuficientes de vitaminaD; o segundo com concentrações intermediárias, dentro do mínimo recomendado; eo terceiro grupo com as concentrações mais altas, no qual estavam inseridosparticipantes que faziam uso de suplementos.

Depois, os autores compararam o perfil de saúde dos trêsgrupos, levando em conta fatores como índice de massa corporal (IMC),circunferência da cintura, pressão arterial, glicemia e sensibilidade àinsulina.

Os resultados não apresentaram diferença significativa.No entanto, demonstraram que os participantes com maior nível de vitamina Dcirculante apresentavam no sangue uma quantidade menor de lipopolissacarídeos(LPS)

Os autores explicam que moléculas de LPS estão presentesna superfície de algumas bactérias do tipo Gram-negativas do trato intestinal eque grande parte dessas bactérias são patogênicas, enquanto a maioria dasGram-positivas não o são – algumas delas são até mesmo consideradas benéficaspara a saúde humana.

A partir desse resultado, os pesquisadores levantaram ahipótese de que os indivíduos mais suficientes de vitamina D têm uma composiçãomais saudável da microbiota intestinal.

Para comprovar essa hipótese, grupo avaliou amostras defezes dos participantes do estudo a fim de identificar filos e gêneros maisfrequentes em cada grupo de voluntários e observaram que, nos participantes commais vitamina D, foram menos abundantes os gêneros Haemophilus e Veillonella– ambos de bactérias Gram-negativas. Por outro lado, esses mesmos voluntáriostinham mais bactérias do gênero Coprococcuse Bifidobacterium – ambos debactérias Gram-positivas.

Após ajustar a análise considerando fatores de confusão,como sexo e idade dos participantes, além da estação do ano em que foi feita aanálise (o que pode influenciar o nível de vitamina D em função da exposiçãosolar), o que restou de mais significante foi a associação entre maior nível devitamina D e maior abundância dos gêneros Coprococcuse Bifidobacterium, ambas consideradasbenéficas.

“A análise dos resultados nos permite especular que arelação da vitamina D com a microbiota é um caminho de duas vias. Encontramosevidências tanto de que o nutriente pode interferir na composição da microbiotaintestinal como também do oposto, ou seja, de que um determinado perfil demicrobiota poderia influenciar o nível de vitamina D circulante”, concluem osautores. “Análises longitudinais e de intervenção são necessárias para testaressas hipóteses”, afirmam.

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