Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa publicaram na revista Nutrition Journal um estudo que avaliou o consumo de refeições com baixo ou alto índice glicêmico durante exercício de alta intensidade. Eles concluíram que a glicemia não difere dependendo do índice glicêmico dos alimentos durante o exercício.
O objetivo do estudo foi investigar o efeito de duas refeições diárias com baixo (BIG) ou alto índice glicêmico (AIG) durante cinco dias consecutivos. Foram analisados os dados de oxidação de substratos, concentrações de glicose, insulina e ácidos graxos livres antes e durante o exercício.
No total, foram recrutados quinze ciclistas do sexo masculino com idade média de 24 anos e índice de massa corporal de 21,9 kg/m2. As refeições foram consumidas no laboratório para maior controle da ingestão. Os participantes consumiram cereais de milho, leite integral, bebidas esportivas (carboidrato, água e eletrólitos), pão branco, margarina e farinha nas refeições com AIG. As refeições com BIG foram compostas de cereais integrais, iogurte de morango sem gordura, suco de uva, pão de cereais, margarinas e maçã. A composição de macronutrientes foi a mesma para ambas refeições.
A oxidação de substrato foi medida 30 minutos antes e 90 minutos após a refeição (BIG ou AIG), a termogênese induzida pela dieta foi medida 30 minutos no pós-prandial. Os níveis de glicose e insulina foram determinados 2 horas após a ingestão dessas refeições. Os participantes foram submetidos ao exercício cicloergométrico 90 minutos após a ingestão da refeição, com duração de meia hora.
O consumo de refeições com AIG resultou em maiores curvas glicêmicas e insulinêmicas no período pós-prandial, antes do exercício. No entanto, a glicemia não diferiu durante o exercício após o consumo das refeições com AIG ou BIG. O consumo de refeições com BIG resultou na diminuição da oxidação de gordura e maior oxidação de carboidratos do que a refeição AIG no período pós-prandial.
Estudos anteriores relataram aumento na secreção de insulina após o consumo de alimentos com AIG, levando à hipoglicemia subsequente e à redução na disponibilidade de substratos energéticos durante o exercício. Ainda, verificaram que a ingestão de alimentos com BIG acarretam em menor resposta glicêmica e mais estável. Outros estudos anteriores indicaram que o consumo de alimentos com BIG mantém as concentrações da glicemia, favorecendo o aumento oxidação de gordura.
“No entanto, nossos resultados não confirmam que existem diferenças na glicemia de acordo com índice glicêmico durante o exercício. A ingestão de alimentos com BIG não conduzem a uma maior oxidação de gordura em relação à ingestão de alimentos com AIG”, concluem os autores.