Pesquisadores brasileiros demonstraram que bacteriocinas provenientes de bactérias presentes em queijos minas frescal foram capazes de inibir a multiplicação de Listeria monocytogenes, um patógeno presente nesse queijo que causa doenças de gravidade variada, podendo levar até a morte de um indivíduo afetado.
Bacteriocinas são polipeptídeos sintetizados nos ribossomas de bactérias láticas que exibem atividade bactericida (matam microrganismos) ou bacteriostática (inibem a sua multiplicação sem matá-los). Neste estudo, as bacteriocinas produzidas por duas cepas de Enterococcus (Enterococcus mundtii CRL35 e Enterococcus faecium ST88Ch), isoladas de bactérias presentes em queijos, foram testadas quanto à sua capacidade para controlar o crescimento de Listeria monocytogenes em queijo minas frescal, experimentalmente contaminado durante o armazenamento refrigerado.
De acordo com os resultados, as duas linhagens de bacteriocinas foram ativas contra uma variedade de microorganismos patogênicos e não-patogênicos e o crescimento de L. monocytogenes foi inibido por até 12 dias a 8°C nos queijos que continham a bacteriocina CRL35, evidenciando um efeito bacteriostático. A bacteriocina ST88Ch foi menos eficaz, pois seu efeito bacteriostático ocorreu apenas após 6 dias a 8°C.
Os pesquisadores concluem que esta pesquisa revela o potencial de aplicação da bacteriocina E. mundtii CRL35 no controle de L. monocytogenes em queijo minas frescal. “É importante destacar que as bacteriocinas irão resolver o problema da contaminação de alimentos. Elas são uma ferramenta a mais, que podem ser utilizadas em conjunto com outros métodos de preservação de alimentos. Sua atividade depende, por exemplo, da própria cepa da bactéria, da matriz alimentar onde se encontra e é afetada por fatores ambientais”, afirmam.