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Com baixa motivação para cozinhar, adultos não seguem recomendações para prevenir osteoporose

prevenir osteoporose

Fonte: Canva

A perda de massa óssea e a deterioração da microarquitetura óssea são consequências quase universais do envelhecimento, resultando, em última análise, no desenvolvimento de osteoporose.

Seguir uma dieta adequada é um importante pilar para prevenir osteoporose, incluindo padrões alimentares saudáveis, e ingestão adequada de cálcio, vitamina D e proteínas. No entanto, aderir a recomendações nutricionais nem sempre acontece na prática clínica. 

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Fonte: Canva

Um estudo qualitativo investigou exatamente por que isso acontece e o que poderia ajudar. O objetivo foi avaliar as barreiras e facilitadores para seguir recomendações dietéticas para a saúde óssea. A seguir, confira os detalhes da pesquisa.

Sobre o estudo

Pacientes encaminhados ao Centro de Osteoporose Dr. David Hanley, uma clínica multidisciplinar canadense, eram elegíveis para participar do estudo se tivessem ≥ 45 anos e acesso à tecnologia necessária para preencher uma pesquisa eletrônica e participar de um grupo focal virtual.

Ao total, participaram 24 pacientes, de 56 a 87 anos, sendo 85% mulheres.

A pré-pesquisa consistia em 23 itens que avaliavam dados demográficos, hábitos alimentares e de culinária caseira, e barreiras percebidas para manter uma dieta saudável.

As discussões com grupos focais virtuais semiestruturados (5 a 7 participantes por grupo) tinham uma duração de 1 a 2 horas. Os facilitadores faziam perguntas abertas sobre o conhecimento recebido em aula didática, barreiras e facilitadores para seguir orientações dietéticas para saúde óssea e interesse em programas de medicina culinária no futuro.

Seguir recomendações dietéticas para prevenir osteoporose: o que facilita e o que dificulta?

Abaixo, confira as barreiras e facilitadores identificados a partir das discussões.

Barreiras 

Morar sozinho e ter que cozinhar para uma pessoa: desperdício, falta de vontade de preparar pratos completos só para si.

Falta de motivação para preparar várias refeições por dia.

Restrições ou intolerâncias alimentares e condições médicas que tornam as recomendações “genéricas” inadequadas.

Em estudos anteriores, outras barreiras foram identificadas, como falta de tempo e custo, mas no grupo deste estudo, não foram as mais relevantes.

Os participantes eram majoritariamente de etnia branca e com posição socioeconômica moderada a alta, o que pode explicar por que as práticas culturais e o custo não emergiram como barreiras importantes.

Facilitadores 

Planejamento e preparação antecipados das refeições.

Compras de supermercado online: economizam tempo e ajudam a evitar produtos pouco nutritivos.

Prática de exercícios: melhora do apetite e motivação para comer melhor.

Participantes relataram que essas estratégias tornam mais factível manter uma dieta rica em alimentos fontes de cálcio e proteína.

Interesse pela Medicina Culinária

Embora a maioria dos participantes do grupo focal tenha indicado estar satisfeita com a educação nutricional oferecida na aula didática sobre saúde óssea, vários participantes relataram incerteza sobre onde encontrar informações confiáveis ​​e baseadas em evidências sobre alimentação saudável para a saúde óssea. 

Houve consenso entre os participantes do grupo focal de que um programa de medicina culinária (MC) focado na saúde óssea seria benéfico, e a maioria dos participantes indicou que estaria interessada em participar de tal programa.

Os programas de MC contextualizam as recomendações alimentares e nutricionais por meio da prática de habilidades alimentares e técnicas de preparo, com o potencial de aumentar a autoeficácia e a confiança do indivíduo. 

A programação de MC geralmente é ministrada em um ambiente de cozinha-escola, embora a entrega virtual tenha surgido como uma opção viável e aceitável.

Como nutricionista, o que deve ser feito?

  1. Não basta prescrever “consuma mais cálcio e proteína”: é preciso facilitar a execução. Sugira estratégias concretas (receitas para uma pessoa, porções congeladas, lista de compras online) e avalie restrições individuais.
  2. Programas de ensino culinário virtuais, curtos (1–2 h) ou modulares, podem aumentar a adesão e oferecer apoio social, especialmente para pacientes isolados. Use triagem simples (vive sozinho? prefere virtual? tem intolerâncias?) para direcionar quem mais se beneficiaria do programa.

O que podemos concluir?

Apesar das limitações dos estudos, como uma amostra pequena e pouco representativa, fica claro que converter conhecimento em hábito exige soluções práticas, como planejamento, ferramentas digitais e aulas orientadas para a realidade do paciente. 

A medicina culinária pode ser uma intervenção promissora para melhorar a saúde óssea e a qualidade de vida em adultos com risco de osteoporose. 

Para ler o artigo científico completo, clique aqui.

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Referência:

Ghuttora H, Kembel L, Piovoso H, Feasel AL, MacLaren J, Matsuno A, et al. Barriers and facilitators to following dietary recommendations for bone health: a qualitative study. BMC Nutr. 2025;11:122. doi:10.1186/s40795-025-01116-z. 

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