Prevenção e tratamento da osteoporose

Postado em 28 de outubro de 2022 | Autor: Nutritotal Redação

Atividade física, exposição solar e alimentação saudável são pontos chaves na prevenção e no tratamento da osteoporose.

A osteoporose é a doença óssea mais comum ao redor do globo. Mundialmente, estima-se que a enfermidade afete mais de 200 milhões de mulheres. Diante deste cenário, a prevenção e o tratamento da osteoporose deve ser uma pauta prioritária nos serviços de saúde, de modo a evitar seu desenvolvimento, ou então melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Neste artigo, você irá entender o que é a osteoporose, e quais são os pontos chaves relacionados à sua prevenção e tratamento.

O que é osteoporose?

A osteoporose é uma doença metabólica caracterizada pela perda de massa óssea. Sua fisiopatologia se dá a nível celular, a partir da reabsorção óssea osteoclástica não compensada pela formação óssea osteoblástica. Isso faz com que os ossos se tornem fracos e frágeis, aumentando o risco de fraturas.

Quais são os tipos de osteoporose?

Os principais tipos de osteoporose são:

  • Osteoporose pós-menopausa: atinge mulheres após a menopausa.
  • Osteoporose senil: atinge pessoas com mais  de 70 anos.
  • Osteoporose secundária: atinge pessoas com doença renal, hepática, endócrina, hematológica ou que usam alguns medicamentos, como corticóides.

Prevenção e recomendações nutricionais para osteoporose

Os métodos de prevenção da osteoporose incluem mudanças de estilo de vida simples, mas eficazes. São eles:

Como veremos adiante, esses fatores também auxiliam no tratamento de pacientes que já desenvolveram a doença.

Quais são os tratamentos para osteoporose?

Basicamente, o tratamento da osteoporose é focado na prevenção de fraturas, diminuindo o risco da morbimortalidade, aumentando a qualidade de vida e diminuindo os custos econômicos e sociais. O tratamento pode ser tanto farmacológico quanto focado em mudanças de estilo de vida.

Tratamento farmacológico

Os medicamentos atuais para osteoporose visam o auxílio para a construção de ossos, e/ou diminuem a degradação óssea, reduzindo drasticamente as fraturas.

As opções farmacológicas atuais aprovadas pela FDA incluem os bifosfonatos, estrogênios, análogos do hormônio paratireóide, inibidores de ligante RANK, inibidores da esclerostina e calcitonina de salmão.

Prevenção de quedas

Orientar a prevenção de quedas é imprescindível no cuidado de pacientes com osteoporose. Neste sentido, algumas estratégias que podem ser implementadas são:

  • Não deixar objetos espalhados pelo chão;
  • Não deixar tapetes soltos;
  • Usar sapatos confortáveis, com solado antiderrapante;
  • Não andar no chão molhado/escorregadio;
  • Não guardar objetos em prateleiras altas;
  • Ter piso antiderrapante no banheiro e na cozinha.

Cessar tabagismo e evitar etilismo

Parar de fumar é uma importante orientação para pacientes em tratamento de osteoporose. O uso de tabaco é prejudicial ao esqueleto, causando redução dos níveis circulantes de vitamina D e do hormônio da paratireóide (PTH), importantes para a saúde óssea. Estudos apontam que fumantes apresentam significativas reduções na densidade mineral óssea.

Já em relação ao álcool, a ingestão moderada (cerca de 0,01–12,5 g/d) não tem efeito negativo, podendo até estar relacionada a uma densidade óssea ligeiramente maior, e menor risco de fraturas em mulheres na pós-menopausa.

Contudo, a ingestão alcoólica maior que dois drinques por dia para mulheres (ou três drinques por dia para homens) já se relacionou à redução da absorção de cálcio e ao aumento do risco de quedas e fraturas. Portanto, é recomendado evitar o excesso de bebidas alcóolicas.

Atividade física

A atividade física é fortemente estimulada para pacientes com osteoporose, demonstrando benefícios no fortalecimento muscular e na densidade óssea.

Um programa multicomponente é recomendado para estes indivíduos, combinando treinamento de resistência, equilíbrio e atividades de sustentação de peso. Atividades como caminhada, corrida, yoga, pilates, dança e musculação podem ser mescladas de acordo com a preferência dos pacientes.

Contudo, é preciso atenção redobrada para evitar as lesões musculoesqueléticas. Por segurança, qualquer programa de atividade física deve ser desenvolvido e supervisionado por profissionais experientes em pacientes geriátricos.

Juntamente à atividade física, a alimentação adequada é imprescindível. Confira as recomendações para tratamento nutricional da osteoporose a seguir.

Tratamento nutricional para osteoporose 

Cálcio 

Fontes de cálcio na dieta.

O esqueleto contém 99% das reservas de cálcio do corpo. Na osteoporose, quando o suprimento exógeno é inadequado, o tecido ósseo é reabsorvido do esqueleto para manter os níveis séricos de cálcio constantes. Para contornar esse efeito, a ingestão suficiente de cálcio é necessária para evitar ainda mais a degradação da massa óssea.

Na dieta, as fontes mais importantes de cálcio incluem laticínios, peixes, verduras verdes escuras, nozes e sementes. Aumentar o cálcio dietético é a abordagem de primeira linha, contudo, a suplementação pode ser uma via quando a ingestão dietética não é alcançada.

Veja também: Quais os tipos de cálcio mais usados em suplementos alimentares?

Segundo o Institute of Medicine, a ingestão total de cálcio deve ser de:

  • 1000 mg/dia para homens de 50 a 70 anos;
  • 1200 mg/dia para  mulheres ≥ 51 anos e homens ≥ 71 anos.

Vitamina D

A vitamina D é um micronutriente essencial no tratamento da osteoporose. Além de estar envolvida na manutenção da estrutura óssea, massa e força muscular, ela também facilita a absorção do cálcio, necessária para a mineralização do osso.

A maior parte da vitamina D é obtida pela síntese cutânea após exposição solar. Alguns alimentos como peixes oleosos, cogumelos e produtos lácteos fortificados também contém vitamina D. Contudo, nenhum deles é suficiente para atender totalmente as necessidades (800 a 1.000 UI/dia para adultos acima de 50 anos).

Portanto, novamente a suplementação pode se fazer necessária, preferencialmente na forma de vitamina D3 (colecalciferol). O objetivo é que se atinja o nível sérico entre 30 a 50 ng/mL.

Leia mais em: Diretriz Europeia sobre deficiência de vitamina D

Outros micronutrientes

Além do cálcio e da vitamina D, outros micronutrientes também são importantes para a manutenção da saúde óssea, e merecem atenção no tratamento da osteoporose. Na tabela abaixo, entenda quais são estes micronutrientes e seus principais efeitos.

MicronutrienteEfeitos na saúde óssea 
Vitaminas B9 (folato) e B12Reduzem as concentrações de homocisteína, que está relacionada à menor densidade mineral óssea e a um maior risco de fratura.
Vitamina CPode melhorar a saúde óssea devido às suas propriedades antioxidantes. É capaz de suprimir a atividade dos osteoclastos, e também atua como cofator para a diferenciação dos osteoblastos. Por fim, também participa da formação do colágeno. Sua ingestão excessiva pode ser desfavorável.
Vitamina KAtua como cofator enzimático na formação da matriz óssea durante a mineralização do osso.
PotássioDiminui a eliminação de cálcio pela urina, devido ao seu papel na manutenção de um estado alcalino no corpo.
MagnésioNa estrutura do osso, os íons de magnésio influenciam o tamanho e a formação dos cristais de hidroxiapatita. Além disso, induzem a proliferação de osteoblastos e são necessários para a ativação da vitamina D. A baixa ingestão de magnésio causa  liberação excessiva de cálcio do osso.
ZincoConcentrações mais baixas de zinco sérico e ósseo foram descritas em pacientes com osteoporose.

 

Apesar da clara participação na saúde óssea, os papéis destes micronutrientes não estão totalmente elucidados no tratamento da osteoporose. No entanto, é válido pontuar que a deficiência deve ser rastreada e tratada.

Ingestão proteica

Fontes de proteínas alimentares.

A ingestão proteica é essencial para a saúde óssea; aproximadamente 50% do volume ósseo é composto por proteínas. Elas são integradas à matriz orgânica do osso como parte da estrutura do colágeno quando ocorre a mineralização. Além disso, as proteínas dietéticas também afetam a secreção e a ação do IGF-I, um hormônio importante para a formação óssea. Atrelada à atividade física, a ingestão proteica também promove a manutenção da força óssea.

A Sociedade Europeia para Aspectos Clínicos e Econômicos da Osteoporose e Osteoartrite (ESCEO) recomenda uma ingestão de proteína dietética de 1,0 a 1,2 g/kg/dia, com pelo menos 20 a 25 g de proteína em cada refeição principal (carnes, peixes, aves, ovos, laticínios…). Mas atenção: a ingestão excessiva pode favorecer a mobilização do cálcio do osso e sua eliminação urinária.

Ressalta-se que a ingestão proteica deve vir atrelada à ingestão de cálcio adequada. Especialmente a combinação de proteína e cálcio nos alimentos, como em produtos lácteos, tem efeitos positivos sobre os hormônios calciotrópicos, reduzem o PTH circulante e aumentam o IGF-I. Consequentemente, diminuem marcadores de reabsorção óssea e melhoram a densidade mineral óssea. Considera-se aconselhável uma razão cálcio/proteína de 20 mg/g.

Ômega-3

O ômega-3 parece ser benéfico para a saúde dos ossos. Sugere-se que o consumo de EPA e DHA influencia o crescimento e a remodelação óssea, através do estímulo à formação do osso, e da inibição da reabsorção óssea.

Uma pesquisa sistemática recente revelou uma associação inversa significativa entre a ingestão alimentar de ômega-3, através do consumo de peixes, e o risco de fratura de quadril. Neste sentido, indica-se o consumo de três ou mais porções de peixe por semana.

O que uma pessoa com osteoporose não deve comer?

Como parte do tratamento nutricional da osteoporose, alguns alimentos devem ser evitados, principalmente em decorrência da diminuição do aproveitamento do cálcio que estes alimentos promovem.

Sendo assim, o paciente com osteoporose deve evitar:

O consumo excessivo de carboidratos simples, por exemplo, induz a hiperinsulinemia, que inibe a reabsorção de cálcio a nível renal, aumentando sua eliminação urinária. Já os refrigerantes de cola possuem o ácido fosfórico, que prejudica a formação óssea.

Uma ingestão excessiva de gordura, principalmente saturada, promove a formação de complexos com cálcio e outros minerais no intestino, favorecendo sua perda nas fezes.

O ácido oxálico também forma estes complexos, e está presente em alimentos como beterraba, cacau, chocolate, nozes e feijão. Sendo assim, é recomendado evitar estes alimentos nas mesmas refeições ricas em cálcio.

Conclusão

A prevenção e o tratamento da osteoporose devem ser frequentes na prática clínica. Como visto, as abordagens são múltiplas, englobando diversos campos da saúde. Profissionais de medicina, enfermagem, fisioterapia, nutrição e educação física devem trabalhar integrados para fornecer o melhor tratamento aos seus pacientes.

No campo da nutrição, o ponto-chave que reúne todas as recomendações é a adoção de um padrão alimentar saudável e diverso. Nutrientes como cálcio, vitamina D e proteínas merecem atenção, por participarem ativamente da saúde óssea.

Se você gostou deste artigo, leia também:

Cartilha sobre osteoporose Sociedade Brasileira de Reumatologia

Recomendações Dietéticas na Artrose 

Diretriz ESPEN – Nutrição e hidratação do idoso 

Referências

FÖGER-SAMWALD, Ursula et al. Osteoporosis: Pathophysiology and therapeutic options. EXCLI journal, v. 19, p. 1017, 2020.

JOHNSTON, Catherine Bree; DAGAR, Meenakshi. Osteoporosis in older adults. Medical Clinics, v. 104, n. 5, p. 873-884, 2020.

LEBOFF, M. S. et al. The clinician’s guide to prevention and treatment of osteoporosis. Osteoporosis International, p. 1-54, 2022.

MUÑOZ-GARACH, Araceli; GARCÍA-FONTANA, Beatriz; MUÑOZ-TORRES, Manuel. Nutrients and dietary patterns related to osteoporosis. Nutrients, v. 12, n. 7, p. 1986, 2020.

ORTEGA, Rosa M. et al. Nutrición en la prevención y el control de la osteoporosis. Nutrición Hospitalaria, v. 37, n. SPE2, p. 63-66, 2020.

Osteoporose: cartilha para pacientes. Sociedade Brasileira de Reumatologia. Iamspe – Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual.

Osteoporose. Departamento Científico de Endocrinologia. Sociedade Brasileira de Pediatria.

SADEGHI, Omid et al. Dietary intake of fish, n-3 polyunsaturated fatty acids and risk of hip fracture: A systematic review and meta-analysis on observational studies. Critical reviews in food science and nutrition, v. 59, n. 8, p. 1320-1333, 2019.

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