O indivíduo considerado grande queimado é aquele que apresenta superfície corporal queimada acima de 20%. Os grandes queimados apresentam alterações metabólicas importantes, como estresse oxidativo, resposta inflamatória intensa, tempo prolongado de resposta hipercatabólica e hipermetabólica. Todas estas alterações são proporcionais à gravidade da lesão – profundidade e extensão da queimadura.
Neste contexto, o gasto energético total do grande queimado é significativamente aumentado em relação ao de repouso, sendo o tempo decorrido da lesão uma variável importante. Desta forma, é imprescindível a determinação do gasto energético do indivíduo a fim de evitar tanto a hiper como hipoalimentação.
Segundo o Guideline da ASPEN de Terapia Nutricional no Doente Crítico (2016), o gasto energético em pacientes queimados deve ser determinado por calorimetria indireta, devendo ser repetida semanalmente. Caso este recurso não esteja disponível, deve-se utilizar equações preditivas, apesar da acurácia para estes pacientes ser baixa.
A ESPEN publicou em 2013 recomendações específicas para a terapia nutricional de pacientes queimados. Neste documento, também é indicado o uso de calorimetria indireta na determinação do gasto energético destes pacientes. No entanto, na ausência deste recurso, recomenda-se a utilização da equação de Toronto para adultos e de Schofield para crianças. Estas equações são consideradas as mais adequadas de acordo com a literatura.
As variáveis necessárias para a equação de Toronto são: superfície corporal queimada total (%), consumo energético (kcal), gasto energético de repouso por Harris Benedict (kcal), temperatura corporal (ºC) e tempo de lesão (dias). Por outro lado, a equação de Schofield depende apenas do peso (kg) e estatura (cm) do paciente. Estas equações estão apresentadas na Figura abaixo.
Figura: Equações preditivas adequadas para grande queimados.
Fonte: ESPEN, 2013.