Para discutir o impacto da ingestão de cafeína durante a gestação e se o consumo materno, paterno e de avós estaria associado à consequência a longo prazo, como a maior incidência de obesidade infantil, Chen e colaboradores realizaram estudo de coorte com 558 mães e filhos irlandeses. A ingestão alimentar e de cafeína (café, chá, refrigerantes, e alimentos e bebidas contendo chocolate) foi avaliada através de registro alimentar, e medidas como IMC e circunferência da cintura das crianças aos 5 e 9 anos foram aferidas para diagnóstico da obesidade infantil.
Os resultados evidenciaram que as mães com maior consumo de cafeína eram mais velhas, mais propensas a consumir álcool e multíparas. A ingestão de cafeína foi associada a maior valor de escore-z de IMC para idade aos 5 e aos 9 anos, sendo que essas associações foram estatisticamente significativas para consumo materno de cafeína ≥200 mg/dia. Aumento de 100mg/d na ingestão de cafeína materna foi associado a um maior risco geral de sobrepeso e obesidade nas crianças aos 5 ( RR: 1,32) e aos 9 anos (RR: 1,44), e de obesidade central . Essa relação foi mais associada à cafeína do café do que a do chá, sugerindo que outros componentes do café possam influenciar a adiposidade pós-natal dos filhos. A ingestão de cafeína dos pais e avós não influenciou os resultados de excesso de peso das crianças.
Os autores discutiram que esses efeitos associados ao café podem estar relacionados a alterações de funções metabólicas e alterações de funções cerebrais associadas ao apetite.
Concluiu-se que a ingestão de cafeína materna, mas não paterna e de avós, está associada a maior adiposidade e maior risco de obesidade de crianças aos 5 e 9 anos, com associações mais fortes com cafeína do café. Sendo assim, parece prudente limitar a ingestão de produtos cafeinados. A recomendação atual para a ingestão de cafeína durante a gravidez na Irlanda é <200mg/d segundo a Food Safety Authority of Ireland
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.