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COVID-19 – Nutrição enteral pode causar intolerância alimentar

intolerância alimentar em pacientes com COVID-19

intolerância alimentar em pacientes com COVID-19

Além da doença pulmonar primária, a infecção grave por COVID-19 é frequentemente associada a complicações extra pulmonares envolvendo múltiplos órgãos e sistemas, como disfunção do trato gastrointestinal. Assim sendo, o estudo caracterizou a prevalência, manifestações clínicas e desfechos da intolerância alimentar em pacientes críticos com COVID-19.

Foram incluídos no estudo pacientes com COVID-19 confirmado laboratorialmente, admitidos na UTI e que receberam nutrição enteral. Foram coletados dados clínicos e demográficos, IMC, SOFA, presença e natureza de sintomas GI relacionados ao COVID-19 e dados sobre a dieta.

Intolerância à dieta aumentou mortalidade

Fizeram parte do estudo 323 pacientes com idade média de 59,6 anos sendo 64,1% do sexo masculino. Destes, 56% apresentaram intolerância alimentar e esta foi relacionada com a gravidade do paciente, calculada pelo escore SOFA, e pacientes com obesidade severa (IMC≥40kg/m²) desenvolveram menos intolerância. Uma maior proporção de pacientes que toleraram a dieta enteral apresentou diarreia na admissão em comparação aos intolerantes (p=0,005). O tempo médio de inicio da NE foi de 1 dia tanto no grupo tolerante quanto no intolerante. O sinal e sintoma mais frequente da intolerância à dieta foi o grande volume gástrico residual (76,1%), sendo que distensão abdominal e vômitos também foram bastante prevalentes. O tempo médio para desenvolvimento da intolerância foi de 4 dias com duração média de 7 dias. Em torno de um quarto (23,3%) dos pacientes desenvolveram episódios adicionais de intolerância alimentar após resolução do episódio inicial. Das imagens obtidas durante o quadro de intolerância, íleo adinâmico foi a anormalidade mais frequente e três pacientes apresentaram perfuração intestinal; 18,3% dos pacientes necessitaram nutrição parenteral. O tempo de intubação foi um preditor independente de intolerância alimentar (OR 1,05). A presença de um ou mais sintomas GI na admissão e obesidade severa foram associados a menor risco de intolerância alimentar (OR 0,76 e 0,29). Pacientes com intolerância apresentaram mais chance de desenvolver insuficiência cardíaca, renal e hepática, colite isquêmica e complicações hematológicas durante a hospitalização, além do aumento médio de 6 dias de hospitalização. A mortalidade hospitalar foi maior nos pacientes com intolerância alimentar (p<0,001), sendo esta associada independentemente com o aumento de risco de mortalidade (HR 3,32). A presença de pelo menos um sintoma GI relacionado ao COVID-19 foi associado a uma menor taxa de mortalidade (HR 0,69).

Conclusão dos autores

Dessa maneira, os autores concluíram que intolerância alimentar é uma complicação frequente em pacientes com COVID-19 graves e que esta relacionada a piores desfechos, como maiores taxas de disfunção orgânica, maior tempo de internação na UTI e aumento de mortalidade.

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