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Covid longo: evolução da desnutrição e perda de força muscular

desnutrição covid longo

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Imagem: Shutterstock

O paciente contaminado por COVID-19, que chegou a estágios graves da doença, pode apresentar sintomas e deficiências por um extenso período após a infecção. Isso é o que chamamos de Covid longo.

Entre esses sintomas, o mais comum é a perda do olfato e paladar, mas também já foram relatados casos de concentração reduzida, esquecimentos, fadiga e dispneia. Entretanto, uma deficiência preocupante, que por vezes é ignorada nesses pacientes, é a desnutrição.

Estudos que se atentaram a esse risco nutricional e, consequentemente, multissistêmico, relataram uma alta prevalência de desnutrição principalmente em pacientes que precisaram ser internados em UTIs.

E sabendo da complexidade de fatores envolvidos nessa desnutrição como a inflamação sistêmica que provoca hipermetabolismo e catabolismo muscular, além dos períodos prolongados de repouso na cama que causam atrofia por desuso, um estudo decidiu investigar a evolução do estado de saúde de pacientes que apresentavam comprometimento com perda de peso ou de força muscular.

 

Estudo e participantes

Foram selecionados 549 pacientes diagnosticados com COVID-19 e que foram internados em um hospital da França entre 1 de março de 2020 e 29 de abril de 2020.

Os pesquisadores avaliaram nesses pacientes os sintomas persistentes, o estado nutricional, a evolução da força muscular e a limitação da atividade diária estimada por uma pontuação da OMS (PS).

Os pacientes que receberam alta, foram atendidos por teleconsulta após 30 dias para avaliar esses mesmos dados. E, caso nessa teleconsulta fossem diagnosticadas perda de peso persistente, força muscular prejudicada ou deficiências, os pacientes eram convidados para uma reavaliação após 6 meses de alta.

 

Resultados

Dos 549 pacientes selecionados, 130 faleceram durante o período de internação e no 30° dia, 288 receberam alta. Nessa data, 136 dos sobreviventes apresentavam desnutrição persistente, redução da força muscular e PS ≥ 2, e foram orientados quanto à dieta, suplementação nutricional, prática de atividade física adaptada ou auxílio fisioterapêutico, ou internados em centros de pós-atendimento.

Aos 6 meses após a alta, como mencionado anteriormente, esses pacientes que ainda apresentavam sintomas, foram reavaliados. Dos 136, 91% passaram por essa avaliação e constatou-se que 36,0% ainda estavam desnutridos, 14,3% se queixaram de perda significativa da força muscular e 14,9% tinham um PS > 2.

Foi relatado também que pacientes com obesidade tinham maiores frequências na UTI e de deficiências. Além disso, entre os pacientes que apresentaram sintomas persistentes pós-covid, 10% apresentavam comorbidades psquiátricas, 7,6% apresentavam sintomas pneumológicos prolongados e 4,2% tiveram sintomas neurológicos.

 

Conclusão

A partir do reconhecimento desses dados, os pesquisadores concluíram que a obesidade e a permanência em UTIs agravam os riscos de desnutrição e da perda de força muscular. Sendo necessário, então, considerar esses fatores e suprir as necessidades nutricionais para evitar os sintomas relatados no covid longo.

Veja também: Terapia nutricional no Covid-19: o que aprendemos?

Referência

Gérard M, Mahmutovic M, Malgras A, Michot N, Scheyer N, Jaussaud R, Nguyen-Thi P-L, Quilliot D. Long-Term Evolution of Malnutrition and Loss of Muscle Strength after COVID-19: A Major and Neglected Component of Long COVID-19. Nutrients. 2021; 13(11):3964. https://doi.org/10.3390/nu13113964.

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