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Dieta normossódica é melhor que dieta hipossódica em pacientes com insuficiência cardíaca aguda descompensada

Estudo randomizado simples cego com pacientes hospitalizados analisou se dieta normossódica combinada com restrição hídrica poderia ter um impacto positivo na manutenção da natremia e da pressão sanguínea durante o tratamento de insuficiência cardíaca aguda descompensada (ICDA).

Foram coletados dados de 44 pacientes que incluíram peso corporal, pressão sanguínea, frequência cardíaca (FC), diurese e balanço hídrico de 24h, medicamentos em uso, fração de ejeção do ventrículo direito e esquerdo, amostras de sangue para dosagem de sódio, potássio, hemoglobina, ureia, creatinina, peptídeo natriurético tipo-B, e foi avaliada a presença de dispneia e bem estar geral. Foram realizados recordatórios alimentares de 24h durante os 7 dias de intervenção para quantificar a ingesta de sódio. O grupo com dieta hipossódica (HS) recebeu 1200mg de sódio por dia (3g de cloreto de sódio) enquanto o grupo dieta normossódica (NS) recebeu 2800mg (7g de cloreto de sódio). Ambos os grupos foram submetidos à restrição hídrica de 1000ml ao dia.

16 pacientes do grupo HS e 15 pacientes do grupo NS completaram os 7 dias de intervenção. Não houve diferença entre os grupos em nenhuma das variáveis utilizadas para avaliar congestão. Em relação ao balanço hídrico, o grupo HS perdeu mais líquido que o grupo NS (4,3 L versus 2,9L), mas isso não representou uma diferença significativa entre os grupos (p=0,17). A escala de bem estar e dispneia mostrou uma melhora em ambos os grupos do inicio ate o final do estudo, sem diferença entre eles. O peptídeo natriurético tipo-B, que é um peptídeo secretado pelos cardiomiócitos em resposta à distensão das próprias fibras cardíacas e reflete a ativação neuro-hormonal, reduziu em ambos os grupos, mas essa redução foi significativa apenas no grupo NS. O grupo HS apresentou menores níveis sódicos em relação ao grupo NS no final do estudo, entretanto ocorreram 4 casos de hiponatremia (22%) apenas no grupo HS. Os valores de pressão sanguínea, sistólica e diastólica foram maiores e a FC foi menor diariamente no grupo NS em relação ao grupo HS. Creatinina, ureia, potássio, hemoglobina e medicamentos utilizados (exceto inibidores da ECA maiores no NS) não diferiram entre os grupos. O tempo de permanência hospitalar foi menos no grupo NS em relação ao grupo HS (p=0,02), sendo que o grupo NS também apresentou melhor aceitação dietética. Após 30 dias da alta hospitalar, foi verificada readmissão hospitalar e mortalidade semelhante entre os grupos (p=1,0).

Assim, os autores concluíram que o uso de dieta normossódica em pacientes com ICDA hospitalizados resulta em uma redução similar das manifestações congestivas e melhora dos sintomas quando comparada à dieta hipossódica. A combinação de dieta NS com restrição hídrica resulta em benefício na preservação do sódio sérico, pressão sanguínea e menor frequência cardíaca. Dessa maneira, o trabalho sugere que dieta hipossódica combinada com restrição hídrica não deve ser aplicada rotineiramente em pacientes com ICDA.

 

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