Estudo prospectivo observacional teve como objetivo avaliar a presença de disbiose em pacientes neurológicos em estado grave. Para isso, Xu e colaboradores coletaram amostras fecais e realizaram sequenciamento genético do microbioma pela técnica 16S rRNA em 98 pacientes admitidos na UTI de neurologia.
No total, foram coletadas 206 amostras fecais entre as primeiras 72 horas e a décima quarta semana de internação na UTI. 84 indivíduos saudáveis serviram como controle. Foram observadas diferenças significativas na diversidade bacteriana comparando indivíduos doentes (independente do diagnóstico principal) e saudáveis. Abundância relativa dos filos Proteobacteria, Deferribacteres e Verrucomicrobia foi maiores no grupo doente do que no grupo controle. No nível familiar, Enterobacteriaceae, Porphyromonadaceae, Enterococcaceae, Verrucomicrobiaceae, Rikenellaceae e Lactobacillaceae foram mais abundantes no grupo dos pacientes internados na UTI.
Alterações durante o período de internação também foram avaliadas comparando os resultados do sequenciamento da primeira e última amostra fecal. Foi observada diminuição da diversidade bacteriana durante a permanência na UTI. A alfa diversidade foi correlacionada inversamente com o número de dias de internação.
Na análise de regressão multivariada, Christensenellaceae e Erysipelotrichaceae foram associadas com maior risco de morte. Aumento nas Enterobacterias e Enterobacteriaceae intestinais durante a primeira semana na UTI foi associado com aumento de 92% no risco de mortalidade em 180 dias.
Os autores concluíram que diferenças importantes são observadas na microbiota de pacientes neurológicos em estado crítico quando comparados a indivíduos saudáveis, e também são associadas ao tempo de internação na UTI. A abundância bacteriana e alterações pontuais foram importantes fatores de risco para mortalidade em 180 dias, indicando que o exame de sequenciamento genético da microbiota intestinal poderia ser uma ferramenta útil para identificando pacientes de alto risco.
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