A utilização de suplementos antioxidantes por atletas e praticantes regulares de exercícios físicos tem se tornado cada vez mais comum. Dentre os suplementos mais comuns destacam-se vitaminas C e E, ácido alfa-lipóico, selênio e coenzima Q10. No entanto, esta prática pode interferir no processo natural de adaptação muscular ao exercício.
A adaptação muscular ocorre em resposta ao estresse provocado pelo treinamento. Os principais fatores de estresse muscular são as espécies reativas de oxigênio (ROS) e as espécies reativas de nitrogênio (RNS). Estes compostos são produzidos por fontes mitocondriais e não mitocondriais como xantina oxidases, NADPH oxidases e óxido nítrico sintase (NOS). Em condições normais, a produção destes componentes é mantida dentro de limites fisiológicos, devido ao sistema antioxidante natural do organismo. Este sistema conta com enzimas antioxidantes como a catalase, superóxido desmutase (SOD), glutationa peroxidase (Gpx).
No entanto, muitos pesquisadores têm desenvolvido estudos partindo da hipótese de que a produção excessiva de ROS durante o exercício físico pode causar lesão muscular e fadiga, reduzindo a performance do atleta/praticante de exercícios regulares. Assim, o uso de antioxidantes poderia prevenir os danos e/ou acelerar a recuperação muscular com aumento na performance. Mas a maioria dos estudos realizados na área não provou um efeito significativo e benéfico da suplementação de antioxidantes durante o treinamento. Além disso, alguns estudos demonstraram supressão na adaptação muscular aos exercícios.
Portanto, a literatura sugere que mais estudos sejam conduzidos a fim de verificar os efeitos da suplementação de antioxidantes com base nos valores basais de biomarcadores, bem como da relação entre os biomarcadores mensurados antes e depois de exercícios físicos em indivíduos suplementados. Igualmente, faz-se necessário determinar a concentração mínima de suplementos antioxidantes para alcançar os resultados esperados.
É importante ressaltar que a recomendação de antioxidantes no treinamento esportivo, em especial as vitaminas e minerais, é dose equivalente à população em geral, sendo indicada a utilização da RDA como referência. Desta maneira, é possível atingir as necessidades por meio de dietas balanceadas e diversificadas. O que ainda permanece sem resposta é a possibilidade de situações específicas no treinamento esportivo que se beneficiariam da suplementação de antioxidantes, como alta intensidade e/ou treinamentos exaustivos.
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.