O Impacto da pandemia por Covid-19 provocou um novo cenário que reduziu o atendimento presencial, dificultou o incentivo ao aleitamento materno e trouxe uma insegurança à saúde dos bebês e psicológica das mães. As gestantes e lactantes ficaram receosas de se contaminar com o vírus e transmiti-lo aos seus bebês, mas será que a pandemia só trouxe problemas?
Um estudo realizado com moradoras da Austrália e Nova Zelândia buscou compreender como o Impacto da pandemia por Covid-19 afetou a taxa de amamentação e o bem-estar de lactantes, através de um questionário online divulgado via redes sociais. A pesquisa foi divulgada de junho a novembro de 2020 e selecionou 364 mulheres que ofereciam aleitamento materno exclusivo ou aleitamento parcial (leite materno e outros fluídos ou alimentos) a bebês saudáveis de 0 a 7 meses.
A cada quatro semanas, durante seis meses, elas recebiam um questionário online idêntico que continha perguntas fechadas detalhando informações demográficas e de saúde da mãe e seu bebê, histórico de amamentação da mãe, perguntas comportamentais relacionadas à pandemia e perguntas abertas sobre as experiências nesse período. Além disso, foram utilizadas diversas escalas para avaliar o aleitamento, o bem-estar materno e infantil, o apoio familiar e as dificuldades financeiras.
A maioria das participantes oferecia aleitamento materno exclusivo (82 %) e entre as 364 mulheres, os principais desafios relatados foram mamilos doloridos, dificuldade na pega e danos aos mamilos. Quanto à saúde mental, 24,5 % relataram ansiedade e 10,3 % depressão. E em relação às perguntas abertas sobre a experiência durante a pandemia, notaram-se preocupações por não poder ver os familiares devido ao isolamento social e receio sobre a segurança e o bem-estar de suas famílias e de seus filhos que crescem sem interações sociais cotidianas.
Os pesquisadores concluíram que as mudanças provocadas pela pandemia trouxeram retornos positivos e negativos às lactantes e aos bebês. Destaca-se uma alta taxa de aleitamento materno exclusivo, provavelmente, obtida pela redução do estresse e maior apoio dos parceiros que também estavam em casa durante esse período. Entretanto, percebeu-se muita preocupação e receios que podem ter se intensificado com a pandemia.
Por fim, reforçam que ações que permitam maior acesso das mães à suas redes de apoio, especialmente durante o início do período pós-parto, podem contribuir para a maior duração do aleitamento. Além disso, os sistemas de saúde precisam atuar com apoio psicológico e orientação sobre o aleitamento às mulheres, mesmo em período de confinamento para proteger a saúde mental e evitar dificuldades que possam provocar um fim precoce do aleitamento.
Referência
Sakalidis VS, Rea A, Perrella SL, McEachran J, Collis G, Miraudo J, Prosser SA, Gibson LY, Silva D, Geddes DT. Wellbeing of Breastfeeding Women in Australia and New Zealand during the COVID-19 Pandemic: A Cross-Sectional Study. Nutrients. 2021; 13(6):1831. https://doi.org/10.3390/nu13061831
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