Estudo publicado na revista Nutrition por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina concluiu que a ingestão de chá mate aumenta a proteção antioxidante em pacientes com dislipidemia.
Trata-se de um estudo clínico randomizado que avaliou 74 indivíduos dislipidêmicos maiores de 18 anos de idade. A dislipidemia foi caracterizada de acordo com as “IV Diretrizes Brasileiras de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose”, tendo um desses parâmetros alterados: colesterol total (CT) ≥200mg/dL ou LDL-colesterol (lipoproteína de baixa densidade) ≥130mg/dL ou colesterol HDL-colesterol (lipoproteína de alta densidade) ≤40mg/dL para mulheres, ou ≤50mg/dL para os homens.
Inicialmente, os participantes passaram por 30 dias de monitoramento bioquímico, antropométrico e dietético. Após esse período, os indivíduos foram divididos aleatoriamente em três grupos: chá mate (n=23); chá mate associado com intervenção dietética (n=25); e somente intervenção dietética (n=26).
Os pacientes dos grupos chá mate e chá mate mais intervenção dietética receberam folhas picadas de erva-mate comercial torradas e foram instruídos para o preparo das infusões. Após 10 minutos de infusão, o chá foi filtrado e consumido imediatamente, sem açúcar ou quaisquer substâncias para adoçar, sendo orientados para beber 330 ml de chá mate três vezes por dia, principalmente com as refeições (café da manhã, almoço e jantar), totalizando cerca de 1L por dia durante 90 dias.
Os indivíduos dos grupos que foram submetidos a intervenção dietética receberam aconselhamento nutricional para aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras. Eles também foram instruídos a reduzir o consumo de alimentos ricos em colesterol, ácidos graxos saturados e trans. Todos os participantes foram avaliados no início do estudo, bem como em 20, 40, 60 e 90 dias após o início do estudo.
Os três tratamentos promoveram o aumento dos níveis séricos de glutationa reduzida (GSH), um marcador de atividade antioxidante, mas o grupo chá mate apresentou um maior aumento quando comparado com os outros grupos (21,7%, p<0,05). Além disso, o potencial antioxidante de redução do ferro (FRAP), outro marcador de atividade antioxidante, aumentou significativamente (p<0,05) apenas nos grupos com chá mate após 90 dias de intervenção. Houve também redução significativa nos níveis de LDL-colesterol apenas no grupo chá mate, que reduziu de 160,2 ± 5,7 mg/dL para 150,1 ± 4,8 mg/dL (p<0,05).
“Os resultados deste estudo demonstraram um aumento na capacidade antioxidante em indivíduos dislipidêmicos após a ingestão de chá mate em longo prazo, sugerindo que este pode apresentar efeitos benéficos na prevenção de doenças cardiovasculares nesses pacientes. No futuro, intervenções dietéticas e estudos de longo prazo devem ser realizados para avaliar o efeito antioxidante de erva-mate na prevenção de doenças cardiovasculares”, concluem os autores.