Embora ainda haja alguma divergência, a definição mais aceita considera diarreia a ocorrência de três ou mais evacuações líquidas ao dia. Esta é uma das complicações mais comuns em pacientes que recebem nutrição enteral, mas, por ser de causa multifatorial, pode ou não ter relação direta com a dieta.
Entre as causas mais comuns de diarreia em ambiente hospitalar, destacam-se:
- Terapêutica medicamentosa (antibióticos, inibidores da bomba de prótons, laxantes, suplementos de fósforo e magnésio, agentes procinéticos, betabloqueadores e medicações que possuam sorbitol ou manitol em sua fórmula)
- Infecção intestinal (supercrescimento bacteriano ou presença de Clostridium difficile)
- Contaminação da fórmula enteral (mais comum em utilização de sistema aberto)
- Alteração da velocidade de administração
- Dieta sem fibras
- Intolerância a lactose
- Temperatura da dieta
- Osmolalidade da dieta
- Conteúdo de gordura, densidade calórica e fonte da proteína.
A partir do momento em que o paciente tem o quadro de diarreia confirmado, deve-se excluir as causas não relacionadas à dieta enteral com o objetivo de evitar a pausa da dieta, uma vez que essa pausa está relacionada à maior risco de desnutrição, por não permitir que o paciente receba o total de energia necessária por dia.
Caso comprove-se que a diarreia está relacionada a administração da dieta, deve-se avaliar qual o papel da dieta no processo. A forma de administração da dieta pode, de alguma forma, aumentar o risco para diarreia e há evidências que indicam que infusão contínua tem algum benefício sobre a o método intermitente e em bolus. Alguns pacientes podem ser beneficiados, também, com o uso de dietas com fibras e/ou oligoméricas. Assim, conclui-se que não é indicado interromper o fornecimento de dieta enteral ao paciente com diarreia.