Ortorexia Nervosa (ON) caracteriza-se por uma obsessão por nutrição adequada, por meio de dietas restritivas com foco na qualidade dos alimentos. Indivíduos que apresentam este comportamento alimentar investem tempo considerável examinando a fonte do alimento, como por exemplo, se os produtos lácteos são provenientes de vacas suplementadas com hormônio. Além disso, preocupam-se excessivamente com o tipo de processamento (se o conteúdo nutricional foi perdido durante o cozimento, por exemplo) e com embalagem dos produtos vendidos no mercado – se esta pode trazer riscos à saúde.
A restrição dietética dos indivíduos com Ortorexia Nervosa pode desencadear deficiências nutricionais devido à omissão de grupos alimentares da dieta. Embora a literatura seja carente de estudos longitudinais neste contexto, sabe-se que dietas muito restritivas podem desencadear alterações biológicas importantes, como anemia e osteopenia. Igualmente, este comportamento alimentar pode frequentemente desencadear anorexia nervosa. Além de impactos fisiológicos, estes indivíduos apresentam mais risco de isolamento social, pois se restringem a alimentarem-se apenas com o que acreditam ser saudável e tendem a não interagir com aqueles que não mantem este mesmo comportamento alimentar.
Apesar de ser um desvio no comportamento alimentar reconhecido pela comunidade científica, a ON ainda não foi reconhecida como um transtorno alimentar, e, portanto, não há critérios diagnósticos oficiais. No entanto, existem alguns instrumentos utilizados em pesquisas para realização do diagnóstico. Dentre eles estão ORTO-15, ORTO-11 e ORTO-11-Hu. Estes instrumentos abordam questões relacionadas a crenças sobre efeitos percebidos ao se alimentar de forma saudável, atitudes relacionadas às escolhas alimentares, hábitos alimentares e como as preocupações com a alimentação afetam a vida diária.
Estima-se que a prevalência de ortorexia nervosa varie entre 7 e 58% na população geral, sendo que o risco é aumentando em profissionais da saúde, atletas e artistas, visto que a nutrição e saúde estão diretamente relacionadas à prática profissional e/ou ao desempenho físico. Ademais, o uso excessivo de redes sociais tem sido associado ao maior risco de desenvolvimento da ON.
Até o momento, não existem estudos que indiquem tratamentos efetivos para essa situação. No entanto, sugere-se o envolvimento de equipes multidisciplinares incluindo médicos, nutricionistas e psicólogos a fim de combinar medicamentos, psicoterapia e educação alimentar com constante monitoramento dos indivíduos com ON.
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