A resposta mais adequada é: depende. Para pacientes não críticos, uso de fibras auxilia na melhora da diarreia e controle de outros distúrbios da motilidade intestinal. No caso dos idosos, por exemplo, recente diretriz sobre nutrição e hidratação publicada pela ESPEN indica o uso de 25g de fibras, solúveis e insolúveis, mesmo que a via enteral seja a única via de alimentação.
Zhao e colaboradores avaliou o efeito de fórmula enteral sem fibras (SF), com fibras (CF) e com fibras e probióticos (CFP) em pacientes em pós-operatório de câncer gástrico. Após sete dias de nutrição enteral, o grupo de pacientes que recebeu SF teve mais diarreia que o grupo que recebeu CF (p=0,003), além disso, os grupos que receberam CF e CFP tiveram menor tempo de internação hospitalar do que no grupo que recebeu SF (P = 0,004; P <0,001). Não houve, no entanto, diferenças significativas entre os grupos CF e CFP.
No entanto, para pacientes críticos, ainda não existe evidência que suporte o uso rotineiro de fibras. Especialistas sugerem que para pacientes com diarreia persistente, que estejam hemodinamicamente compensados e não tenham dismotilidade, o uso de fibras solúveis pode ser considerado, mas que é importante lembrar que qualquer tipo de fibra deve ser evitado em casos de isquemia intestinal ou por pacientes em risco de isquemia ou dismotilidade importante, situações que podem acontecer com o paciente crítico. Além disso, é importante atentar-se também para adequação do consumo hídrico, evitando assim a ocorrência de obstrução intestinal.