Revisão de literatura levantou evidências científicas sobre a ligação entre alimentação dos pais, alimentação dos filhos e peso corporal, a fim de recomendar boas práticas para a criação de um ambiente protetor contra a obesidade infantil.
Práticas de alimentação parental: referem-se às estratégias específicas adotadas para controlar o que as crianças consomem. Incluem restrições, pressão para comer certos tipos de alimentos, e monitorização. Os estudos analisados mostraram que a restrição foi relacionada ao aumento da preferência da criança pelos alimentos proibidos, maior peso corporal, maior consumo na ausência de fome e maior desinibição emocional (comer em resposta a sugestões externas). Um estudo associou a restrição à menor ganho de peso ao longo de um período de 3 anos. A prática de pressionar a criança a comer foi associada a menor status de peso em diversos estudos transversais. Por outro lado, a pressão para comer também tem sido associada ao maior consumo de energia, maior duração da refeição, menor qualidade da dieta e dos alimentos consumidos, inibição voluntaria da ingestão de alimentos e consumo menos do que o desejado e desinibição emocional.
Estilos de alimentação: referem-se à atitude geral e emocional que um pai cria com o filho durante a refeição. Incluem a quantidade de controle que os pais exercem durante as refeições, e a sensibilidade, calor, e aceitação que os pais mostram em resposta às necessidades individuais da criança no contexto alimentar. Os estudos mostraram que o estilo de alimentação autoritário (controle da alimentação focado nos pais, mas com atenção às necessidades individuais das crianças) tem sido associado
aos melhores resultados na saúde infantil e que as crianças de pais indulgentes (com falta de regras e limites – crianças determinam a ingestão alimentar) consomem alimentos com pior qualidade alimentar e exibem comportamentos alimentares problemáticos, além de apresentarem maior IMC. É importante ressaltar que tanto o alto quanto o baixo controle na alimentação é um fator de risco para a obesidade infantil.
Atitudes associadas aos bons resultados:
– Oferecer alimentos de melhor qualidade durante o jantar
– Diminuir consumo de lanches com alta densidade calórica
– Ter frutas e vegetais disponíveis em casa
Estilos parentais gerais: referem-se à atitude
e abordagem que os pais empregam para criar seus filhos dentro da família e da sociedade. Numerosos estudos demonstraram que a parentalidade autoritária está associada a resultados mais positivos para as crianças no campo acadêmicos, socioemocional e de saúde. Pais com estilo mais autoritário têm crianças que consomem mais frutas e vegetais, menos gorduras e açúcares.
Com isso, os autores concluíram que os pais devem ser sensíveis às necessidades individuais de seu filho ao estabelecer limites no ambiente de alimentação, evitar restringir abertamente os alimentos ou pressionar as crianças a comer. Práticas que são proativos (ou seja, que antecipam o comportamento da criança) e não reativo (ou seja, que são em resposta ao comportamento da criança) maximizam os resultados positivos, atitudes que estão no centro do estilo de alimentação autoritário que foi associado aos melhores resultados na saúde infantil.
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal