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Quais são as estratégias nutricionais para melhorar o estado nutricional de crianças com câncer?

Até o presente momento, não há um consenso sobre as necessidades específicas de nutrientes e o tempo de duração da intervenção nutricional em oncologia pediátrica. Estão descritas diversas abordagens, com eficácia limitada para a prevenção e tratamento precoce de deficiências do crescimento em crianças com câncer. Segundo o Consenso Nacional de Nutrição Oncológica (CNNO), a intervenção e o acompanhamento nutricional têm como objetivo promover o crescimento e o desenvolvimento normal da criança, manutendo reservas corporais tão perto do ideal; melhorar a resposta imunológica; aumentar a tolerância do paciente ao tratamento e melhorar a sua qualidade de vida.

Pesquisadores sugerem que a intervenção nutricional é mais eficaz quando iniciada a partir do diagnóstico do câncer. Por essa razão, o CNNO enfatiza que o nutricionista deve estar presente em todas as etapas do tratamento do paciente oncológico pediátrico para realização da avaliação nutricional, cálculo das necessidades nutricionais, instituição da terapia nutricional e acompanhamento ambulatorial.

O primeiro passo para a intervenção nutricional adequada é a avaliação do estado nutricional e a identificação dos fatores de risco relacionados com a desnutrição. A maioria dos tumores da infância é tratada por terapia combinada, incluindo cirurgia, radioterapia e drogas antineoplásicas,  que normalmente fornecem uma variedade de efeitos adversos, o que pode comprometer o estado nutricional. Como resultado dos episódios recorrentes de vômitos, diarreia, mucosite e efeitos sistêmicos da terapia e da própria presença do tumor maligno, as crianças muitas vezes experimentam um período prolongado  com restrição na ingestão oral. Isso contribui para a perda de líquidos, eletrólitos e oligoelementos, desequilíbrio e alterações de proteínas transportadoras, bem como deficiência de ferro e vitamina que pode resultar em má absorção aguda e crônica de micro e macronutrientes.

Segundo o CNNO,  para detectar crianças com desnutrição ou em risco nutricional pré-existente ao início do tratamento oncológico, devem ser utilizados testes antropométricos que envolvem medidas de estatura, peso corporal, dobras cutâneas e que devem ser medidos na admissão e periodicamente. A avaliação do perímetro cefálico é um aspecto importante da avaliação nutricional, para evitar perturbações no desenvolvimento neurológico durante períodos críticos de crescimento do cérebro. Atualmente, novas metodologias não invasivas, de baixo custo e com precisão analisam as alterações nos compartimentos corporais e são aplicadas com sucesso na definição clínica pediátrica. Marcadores bioquímicos e a anamnese alimentar são fundamentais para complementar o diagnóstico e o acompanhamento nutricional.

Os critérios que devem ser utilizados para indicar a terapia nutricional é a presença do risco nutricional e/ou de desnutrição, seguindo o protocolo abaixo:

Terapia nutricional enteral (TNE): trato gastrintestinal (TGI) total ou parcialmente funcionante.
– TNE via oral: os complementos enterais devem ser a primeira opção, quando a ingestão alimentar for < 75% das recomendações em até 5 dias, sem expectativa de melhora da ingestão.
– TNE via sonda: impossibilidade de utilização da via oral, ingestão alimentar insuficiente (ingestão oral <60% das recomendações) em até 5 dias consecutivos, sem expectativa de melhora da ingestão.

Terapia nutricional parenteral: impossibilidade total ou parcial de uso do TGI.

Leia também os Consensos Nacionais de Nutrição Oncológica:

Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, primeira edição.

Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, segunda edição.

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