A incidência de doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento, como obesidade e diabetes mellitus tipo 2 tem crescido consideravelmente ao longo dos últimos anos. Uma das intervenções mais eficientes para evitar a progressão dessas doenças é a restrição calórica – capaz de promover efeitos sobre o metabolismo, como melhorar a sensibilidade à insulina.
O presente estudo teve como objetivo investigar desfechos metabólicos e alterações na sensibilidade à insulina, após suplementação de resveratrol em indivíduos adultos com sobrepeso.
Foram recrutados homens e mulheres com sobrepeso e obesos; com os seguintes critérios de inclusão: IMC entre 27 e 35 kg/m², faixa etária de 40 a 70 anos e peso estável por 3 meses. Os participantes foram randomizados em 2 grupos, sendo que um recebeu a suplementação de resveratrol e o outro recebeu placebo. Os participantes foram instruídos a consumir 2 doses de 75mg cada de resveratrol/placebo por dia – uma durante o almoço e outra durante o jantar.
Durante o período de intervenção, foram realizadas visitas mensais, para aferição de peso corporal e coleta de amostras sanguíneas, incluindo análise de concentrações plasmáticas de resveratrol. Ao final dessas visitas mensais, os participantes receberam uma nova carga de suplementos para o mês seguinte.
A fim de minimizar interferência da dieta sobre os desfechos metabólicos, todos os pacientes consumiram a mesma refeição uma noite anterior a coleta de dados, contendo 559kcal sendo, 73g provindas de carboidratos, 16g de gordura e 26g de proteína. Os participantes realizaram a refeição no mesmo horário e permaneceram em jejum até a manhã seguinte para realização do teste de tolerância à glicose. Em adição, os participantes também foram instruídos a evitar pratica de atividade física atenuante até 2 dias antes da visita.
Em cada coleta foram analisadas sensibilidade à insulina, conteúdo lipídico, composição corporal, gasto energético em repouso, performance física e qualidade de sono de todos os indivíduos.
Após intervenção, não foram identificadas alterações quanto a sensibilidade à insulina, composição corporal, marcadores plasmáticos relacionados a dislipidemia, performance física e qualidade do sono em ambos os grupos. Entretanto, a análise de hemoglobina glicada apresentou diferenças significativas no grupo que recebeu suplementação, sendo que os valores foram mais baixos no grupo resveratrol (35.8 ± 0.43 mmol/mol) em comparação ao placebo (37.6 ± 0.44 mmol/mol).
Com isto os autores concluíram que os efeitos da suplementação de resveratrol, em indivíduos obesos, não resultou em aumento da sensibilidade à insulina. Assim como não houveram alterações em outros marcadores relacionados a mesma, com exceção da hemoglobina glicada, que apresentou níveis significativamente mais baixos após intervenção.