Já se pegou comendo chocolate, pizza, doces ou outras guloseimas quando está se sentindo para baixo ou chateado? Pois é, a comida não tem como função apenas nutrir nosso corpo, ela também está relacionada ao prazer, espiritualidade, identidade, entre muitas outras coisas.
Encontrar conforto na comida é bastante comum em nossa sociedade e este ato recebe o nome de alimentação emocional, que é quando comemos mesmo sem ter fome, quando o ato é simplesmente para suprimir sentimentos, na maioria das vezes negativos, e o alimento acaba sendo utilizado como fonte de compensação ou punição.
Normalmente, na alimentação emocional, as escolhas são por alimentos hiperpalatáveis e o consumo é exagerado, levando a um ciclo de excesso de alimentação, excesso de calorias ingeridas e problemas associados, como ganho de peso e obesidade.
Infelizmente, a comida quando utilizada para preencher as necessidades emocionais, não resolve o problema. Na verdade, o comer emocional agrava o problema por fazer o paciente se sentir pior, já que, não apenas o problema emocional original permanece, mas também a culpa por comer demais.
Para conseguir quebrar o ciclo vicioso do comer emocional, é importante saber diferenciar a fome física da fome emocional. Este é o primeiro passo para se perceber e tratar este distúrbio psicológico relacionado à alimentação. Veja na tabela abaixo como diferenciar a fome fisiológica (física) da emocional.
Fome física e emocional: como diferenciá-las?
Fome Física | Fome Emocional |
Surge de maneira gradual, mais lentamente | Acontece de forma abrupta, como se fosse uma urgência se alimentar |
É receptivo a vários tipos de alimentos | Deseja apenas alguns alimentos específicos |
Tem a percepção da saciedade e consegue parar de comer quando satisfeito | Pode comer compulsivamente e não sentir a sensação de plenitude |
Não apresenta sentimentos negativos ao comer | Sente culpa e/ou vergonha por comer |
Outra dica interessante para reconhecer e combater o comer emocional, é realizar um diário alimentar. Colocando no papel tudo que comeu no dia (durante uma semana, por exemplo), incluindo horário de cada refeição, alimentos e bebidas consumidos e quantidade ingerida de cada alimento, é uma maneira didática e ilustrativa de mostrar para si próprio que tem alguma coisa errada aí!
Quando realizamos o diário, conseguimos perceber os momentos que comemos em excesso, o que costumamos comer em excesso e quais os principais horários que o comer emocional acontece!
A importância da atenção plena
A prática do mindful eating vem igualmente auxiliando no tratamento desta patologia, já que a fome emocional vem acompanhada da ansiedade de comer muito rápido, e quando comemos rápido não sentimos textura e nem sabor do alimento.
Se conseguimos, por meio das técnicas de atenção plena, desacelerar a refeição e perceber o sabor de cada mordida, vamos não só apreciar mais o prato escolhido como também reduzir a quantidade ingerida. Importante também não realizar outras atividades enquanto estiver comendo.
Por fim, devemos procurar outras maneiras de aliviar nosso estresse, depressão e/ou ansiedade, que não a comida. Meditar diariamente, realizar exercício físico, nos permitir realizar atividades que consideramos prazerosas (jardinagem, dança, pintura, etc.), dormir bem (em média 8 horas por noite), ter vida social e, claro, procurar por um nutricionista e terapeuta, são alternativas eficazes e saudáveis para o tratamento.
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*Maria Fernanda Naufel é nutricionista graduada pela PUC-Campinas. É doutora e pós-doutoranda em nutrição, mestre em pediatria e especialista em nutrição e alimentação infantil pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM). Nutricionista no Centro de Especialistas do Sono e membro do Conselho Editorial da Revista Científica Journal of Culinary Medicine. Também é pesquisadora pela Fisiologia da Nutrição da Unifesp, revisora de artigos científicos e membro do corpo editorial da revista científica internacional Nutrition, Dietetics & Nutraceuticals. É vice coordenadora acadêmica do Instituto Universitário Vive Sano.
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