A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é causada por estreitamento, obstrução e obstáculos do fator regulador do nervo no trato respiratório superior e se manifesta com apnéia do sono e hipopnéia, acompanhada por hipóxia, ronco, sonolência diurna e outros sintomas. O diagnóstico é feito através de exame de polissonografia, que analisa o número de eventos de obstrução total (apneia) ou parcial (hipopneia) das vias aéreas superiores durante o sono noturno. Apneia é definida como a cessação completa do fluxo de ar oronasal durante pelo menos 10 segundos e a hipopneia é identificada como uma diminuição no fluxo de ar de > 30% por pelo menos 10 segundos e uma queda> 3% na SaO2 ou associação do evento com um despertar.
A prevalência de SAOS é de 3% a 7%, sendo a obesidade um importante fator risco. Observa-se que o aumento da epidemia da obesidade e doenças metabólicas está relacionado também ao aumento da prevalência da SAOS, que chega a 48% em homens obesos e 28% em mulheres obesas.
Obesidade como fator de risco para apneia
Embora os mecanismos pelos quais a obesidade está relacionada a SAOS ainda são pouco compreendidos, sabe-se que o acúmulo de gordura visceral não só é um fator de risco para SAOS, como também um indicativo de gravidade da doença, representado pelo número de eventos da apneia e hipopneia por hora de sono. Além disso, pacientes obesos e com acúmulo de gordura visceral costumam acumular, também, gordura ao redor do pescoço e na área respiratória, o que resulta em estreitamento e diminuição da função diastólica do trato respiratório e, também, uma respiração mais fraca.
Além disso, a obesidade está relaciona com a secreção de diversas citocinas e fatores inflamatórios que regulam, por exemplo, a homeostase da glicose e do metabolismo lipídico, e parecem estar, também, associadas a morbidade da síndrome da apneia obstrutiva do sono.
Níveis séricos de leptina e adoponectina, citocinas secretadas pelo tecido adiposo, parecem influenciar a gravidade da SAOS. Níveis elevados de leptina estão positivamente correlacionados com a gravidade da SAOS e aumento do número de eventos da apneia por hora de sono. Por outro lado, observa-se que níveis de adiponectina estão significativamente reduzidos em pacientes com SAOS e se correlacionam negativamente com número de eventos da apneia e hipopneia por hora de sono, possuindo, assim, um papel protetor da apneia.
Por outro lado, a ocorrência de apneia também parece ser um fator que contribui para o aumento da obesidade e ambos aumentam o risco de doenças cardiovasculares. Nesse sentido, a mudança de estilo de vida e as terapias medicamentosas parecem ser as estratégias não cirúrgicas de perda de peso mais relevantes para melhora da SAOS.