A obesidade é influenciada por diversos fatores, tanto ambientais como genéticos. Estudos atuais mostram o grande papel do comportamento alimentar e qualidade na dieta, correlacionando o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras e açúcares e bebidas de alto valor energético, com o sobrepeso e obesidade, mas qual é o papel da genética?
Os avanços nos estudos genéticos podem trazer uma importante chave para explicar a susceptibilidade genética à obesidade, como por exemplo, o questionamento de alguns genes serem estimuladores do sistema nervoso central e desequilibrarem o balanço entre o apetite e a saciedade.
O estudo:
O estudo FinnTwin16 (FT16), realizado entre os anos de 2010 e 2012 recrutou 3.977 irmãos gêmeos, de 32 a 37 anos, para avaliar o papel genético na saúde, fatores de riscos para doenças crônicas não transmissíveis e susceptibilidade ao sobrepeso e obesidade.
O método:
O comportamento alimentar foi avaliado através de questionários e classificado em 15 diferentes estilos alimentares, além de um indicador de qualidade da dieta. Já os dados antropométricos para cálculo do IMC foram autorrelatados pelos participantes.
A análise de genotipagem foi realizada nos Estados Unidos, Reino Unido e Finlândia, variáveis e sexo do indivíduo foram excluídos da análise. A susceptibilidade genética foi avaliada pelo cálculo de PRSs usando a abordagem bayesiana (avaliação de hipóteses pela máxima verosemelhança) responsável pelo desequilíbrio de ligação (DL) entre cada variante genética. Para 1.055 gêmeos com dados de todo o genoma, foi construído uma pontuação para risco poligênico de IMC aumentado (PRSs) usando quase 1 milhão de nucleotídeo de polimorfismos únicos.
O resultado:
Dos indivíduos, 56% eram mulheres e 33% eram monozigóticos (univitelinos), o IMC médio dos participantes era de 24,8 kg/m2 e a circunferência auto aferida de cintura (CC) média foi de 86,1 cm. As mulheres tendiam a ter o IMC e a média de CC menores, mas avaliando a obesidade abdominal (>88 cm para mulheres e >102 cm para homens), no sexo feminino ela foi mais notada (n = 503 / 23.6%) do que no sexo masculino (n = 268 / 15.8%) (P<0.001).
As mulheres apresentaram melhor qualidade de alimentação (pontuação máxima = 12 pontos / médio: 7,4 para mulheres e 6,4 para homens; P < 0,001).
Como os pesquisadores suspeitaram, sobrepeso e obesidade obtiveram herança da susceptibilidade genética à um maior IMC e maior CC, em 76% e 62%, respectivamente, e ao estratificar as variáveis, essas susceptibilidades foram maiores em mulheres. Padrões alimentares e variabilidades genéticas foram mais influenciadores do que outros fatores ambientais.
A conclusão:
Os autores concluíram que os resultados mostraram uma forte associação com a susceptibilidade genética à obesidade na mudança de padrões e comportamentos alimentares, e consequentemente, ao sobrepeso e obesidade. Os resultados também apoiam que manter uma boa alimentação e boa relação com a comida pode mediar a essas susceptibilidades genéticas.