Um estudo objetivou determinar como uma dieta vegetariana afeta a incidência de infarto em duas coortes prospectivas e se essa associação se modificaria com ingestão de vitamina B12. Para isso, os autores recrutaram 2 coortes de indivíduos sem infarto, sendo a primeira com 5050 participantes e a segunda com 8302 participantes, ambas as coortes incluíram indivíduos vegetarianos (definidos como quem não come carnes e peixes) e não vegetarianos. Foram aplicados questionários sobre dados demográficos e hábitos de vida, além de questionário alimentar. Esses participantes foram acompanhados durante 10 anos para avaliação das variáveis bem como da incidência de infarto.
Os indivíduos vegetarianos eram, em sua maioria, mulheres, que nunca fumaram e nunca ingeriram bebida alcoólica, com menor incidência de pressão sistólica elevada ou hipertensão arterial, dislipidemia, atividade física regular e menor nível de educação. Os vegetarianos apresentaram menores IMC, colesterol e glicemia; estes ingeriram mais fibras e proteínas vegetais, e menos proteínas animais, gorduras e vitamina B12. O consumo de ovos foi semelhante entre os grupos. Ingestão inadequada de vitamina B12 foi de 64% nos vegetarianos e 33% nos não-vegetarianos. A incidência de infarto foi menor em vegetarianos, que apresentaram metade do risco de infarto que os não-vegetarianos. A pressão sistólica e glicemia de jejum se associaram a este risco. Após ajuste da glicemia de jejum, triglicérides, pressão sistólica e colesterol total a associação protetora da dieta vegetariana sobre o infarto se atenuou. A hipertensão é um fator de risco independente para infarto. O risco de infarto proporcionado pela dieta vegetariana foi menor entre os participantes com baixa ingestão de vitamina B12 (<2,4μg), provavelmente influenciado pelo consumo de alimentos fonte dessa vitamina, já que o risco aumento quando a ingestão de vitamina B12 foi adequada (≥2,4μg), associada ao consumo de origem animal ou suplementação.
Assim, os autores concluíram que uma dieta vegetariana está associada a um menor risco de infarto isquêmico e hemorrágico.
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