Estudo avaliou o impacto da nutrição enteral precoce com dieta imunomoduladora (DI) enriquecida com peptídeos do soro do leite hidrolizados (PLH) sobre infecções após transplante hepático, com foco em indivíduos sarcopênicos.
No pré-operatório, todos os indivíduos (279) receberam suplemento contendo glutamina, fibra e oligossacarídeo três vezes ao dia e bebida láctea fermentada 1 vez ao dia contendo 5 x 108/mL de Lactobacillus casei Shirota. No intra-operatório, foi posicionada uma sonda nasojejunal e os pacientes receberam dieta enteral elementar convencional (grupo controle) ou dieta imunomoduladora enriquecida com peptídeos hidrolizados do soro do leite (DI-PLH) dentro das 24h do pós operatório concomitantemente à suplemento parenteral.
A dieta DI-PLH era composta por ácido glutâmico e aspártico, leucina e arginina; enquanto a dieta elementar convencional continha glutamina, serina e arginina. Ambas dietas possuíam densidade calórica de 1kcal/ml. A suplementação parenteral era suspensa quando o paciente atingia 25-30kcal/kg/dia através da dieta enteral e oral, e a dieta enteral era descontinuada quando o paciente atingia suas necessidades nutricionais por via oral. O paciente era diagnosticado com bacteremia caso apresentasse sinais e/ou sintomas clínicos de infecção com cultura sanguínea positiva dentro de 90 dias do pós-operatório. O diagnóstico de sarcopenia era realizado a partir de imagens de tomografia computadorizada (TC) realizadas em até dois meses antes da cirurgia.
A incidência de bacteremia foi significativamente menor no grupo DI-PLH (p=0,002), sendo que quando os pacientes foram separados em sarcopênicos e não sarcopênicos essa incidência ainda se apresentou significativa no grupo de não sarcopênicos (p=0,04). Os pacientes do grupo convencional utilizaram mais esteroides que os do grupo DI-PLH, tanto os que apresentavam sarcopenia (p=0,016) quanto os não sarcopênicos (p<0,001). O tempo de cirurgia foi significativamente maior e a quantidade de perda sanguínea significativamente menor no grupo DI-PLH (p=0,021 e p<0.001, respectivamente). Os fatores de risco para bacteremia após transplante hepático encontrados neste estudo foram: incompatibilidade ABO (OR 2,574 ; p<0,001), perda sanguínea ≥10.000ml (OR 2,146 ; p=0,005), uso de esteroides (OR 3,011 ; p<0,001), não utilização da fórmula DI-PLH (OR 2,221 ; p=0,002) e contagem total de linfócitos <500 (OR 1,897 ; p=0,014).
A partir destes resultados, os autores concluíram que o uso de dieta imunomoduladora enriquecida com peptídeos hidrolisados do soro do leite reduziu a incidência de bacteremia pós-transplante hepático.
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal