Dessa maneira, Carvalho e colaboradores avaliaram se a composição corporal, função muscular e a associação destes podem ser utilizados como fator preditivo para complicações pós-operatórias a curto prazo em pacientes com câncer gástrico e colorretal. Para isso, foram selecionados pacientes que seriam submetidos à cirurgia eletiva de câncer gástrico ou colorretal. Foram colhidos dados clínicos e cirúrgicos, realizado teste funcional, avaliação nutricional e de força muscular, e utilizado TC para avaliar composição corporal.
Fizeram parte do estudo 84 pacientes com idade média de 59,7 anos, sendo a maioria mulheres. O tempo médio entre a TC e a cirurgia foi de 34 dias. As complicações pós operatórias foram associadas ao tumor no estômago (p=0,018), tumores de estágio 3 e 4 (p=0,033), obesidade (p=0,011), baixa radiodensidade muscular (p=0,025), baixa funcionalidade (HG) + prejuízo muscular (p=0,034) e obesidade visceral (p=0,030), quantidade de VAT (p=0,042), maior duração da cirurgia (p=0,002) e tempo de internação hospitalar (p<0,001). Para complicações grau 2 ou mais, indivíduos obesos, com obesidade visceral, baixa radiodensidade muscular e baixa função + prejuízo muscular, apresentaram mais chance de terem complicações pós operatórias, mesmo ajustado a variáveis. Em relação a complicações graves (CDC≥3), obesidade e baixa radiodensidade muscular foram fatores preditivos de complicações pós operatórias, e após ajuste das variáveis, a baixa radiodensidade muscular continuou sendo um fator preditivo de risco.
Sendo assim, o estudo sugere que a presença de obesidade, obesidade visceral, baixa funcionalidade + prejuízo muscular e baixa radiodensidade muscular se associaram e podem predizer um aumento do risco de complicações pós operatórias a curto prazo nestas cirurgias, mesmo em pacientes com baixo risco nutricional como da amostra, sendo a baixa radiodensidade muscular um fator de risco independente para essas complicações.