O iodo é um mineral essencial para a saúde e sua deficiência é considerada problema de saúde pública por estar relacionada ao aparecimento de bócio. O bócio é uma doença endêmica caracterizada pelo aumento anormal da glândula tireoide e faz parte das “Desordens Associadas à deficiência de iodo” que ainda incluem retardo mental irreversível, distúrbios do sistema reprodutor e anomalias congênitas. A deficiência de iodo ocorre em um sexto da população mundial e, por isso, criou-se estratégias de combate por programas de fortificação de alimentos e suplementação, como a suplementação de iodo no sal de cozinha que acontece no Brasil desde a década de 50.
O iodo é encontrado, principalmente, em alimentos de origem marinha ou em alimentos fortificados (tabela 1). Sua absorção é rápida e mais de 90% acontece no estômago e duodeno. Cerca de 70 a 80% do mineral é armazenado na glândula tireoide, sendo essencial para a síntese dos hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotirosina (T3), cuja secreção é regulada pelo eixo tireoide-hipotálamo-hipófise. Quando há deficiência de iodo, ocorre uma redução na secreção dos hormônios T3 e T4, ativando mecanismos de retroalimentação que fazem aumentar a secreção do hormônio tireoestimulante (TSH). A tireoide passa, então, a aumentar a captação do iodo e, se a deficiência permanecer por um longo período, nota-se o aumento do tamanho da glândula, caracterizando o bócio.
Por participar dessa síntese de hormônios da tireoide, a oferta de iodo é importante para controlar mecanismos de crescimento, desenvolvimento e controle de processos metabólicos. Na infância, os hormônios tireoidianos estão envolvidos no processo de crescimento e desenvolvimento de cérebro e do sistema nervoso central desde a 15ª semana até os 3 anos de idade, e deficiência de idoso nessa fase pode resultar em cretinismo.
A recomendação de ingestão diária pode ser observada na tabela 2.
A avaliação do estado nutricional do iodo é realizada através da concentração urinária, taxa de bócio, níveis de TSH e tiroglobulina séricos. Concentração urinária de iodo superior a 200µg/L indicam toxicidade, que pode resultar em disfunção da tireoide com surgimento de hipo ou hipertireoidismo em indivíduos mais susceptíveis. Portanto, tanto o baixo como o excessivo consumo desse mineral é prejudicial a saúde.
Tabela 1. Conteúdo de iodo nos alimentos (µg/100g)
Alimento | Quantidade de Iodo em µg por 100g |
Arenque | 32 |
Bacalhau | 110 |
Biscoito água e sal | 115 |
Camarão | 41,3 |
Cavala | 170 |
Carne bovina cozida | 14,6 |
Frango cozido | 1,5 |
Ovo | 24,7 |
Pescada | 66,7 |
Sardinha em óleo | 23,3 |
Salmão | 71,3 |
Tabela 2. Valores de recomendação de ingestão de iodo segundo as DRI’s.
Estágio de vida | AI/EAR µg/dia | RDA µg/dia | UL µg/dia |
Recém-nascidos e crianças | |||
0 – 6 meses | 110 | — | ND |
7 – 12 meses | 130 | — | ND |
1 – 3 anos | 65 | 90 | 200 |
4 – 8 anos | 65 | 90 | 300 |
Adolescentes e adultos | |||
9 – 13 anos | 73 | 120 | 600 |
14 – 18 anos | 95 | 150 | 900 |
>19 anos | 95 | 150 | 1100 |
Gestantes | 160 | 220 | 1100 |
Lactantes | 209 | 290 | 1100 |
AI = ingestão adequada; EAR = necessidade média estimada; RDA = ingestão dietética recomendada; UL = limite máximo tolerada de ingestão diária; ND = não determinada.