A síndrome do intestino irritável (SII) é uma das desordens funcionais mais comuns do trato gastrointestinal (GI), sendo que a disbiose intestinal parece ter um papel importante nessa doença. Dessa maneira, o estudo conduzido por Altomare procurou elucidar a associação entre ingestão de nutrientes e adesão a dieta mediterrânea (DM) com sintomas e microbiota intestinal em pacientes com SII. Para isso, foram selecionados pacientes com SII de um ambulatório de gastroenterologia e comparados a indivíduos sadios. Os participantes do estudo coletaram amostras de fezes três dias antes da colonoscopia (para acompanhamento e diagnóstico) para avaliação da microbiota intestinal, responderam questionário sobre sintomas GI, registrado número de evacuações e consistência das fezes durante três dias, foram aferidos peso e altura e calculado IMC, realizado recordatório alimentar de três dias e avaliada a composição da dieta.
Fizeram parte do estudo 49 voluntários, sendo 28 com SII e 21 controles, com idade média de 55 anos. Todos os pacientes com SII relatam dor abdominal e flatulência ao menos 1x ao dia. Não foram encontradas diferenças na ingestão de macronutrientes e fibras entre os grupos. No entanto, o grupo SII apresentou uma dieta menos balanceada, ingerindo menos vegetais, castanhas, leite e derivados, peixe e frutos do mar em comparação ao grupo controle. A comparação entre os sintomas da SII e hábitos dietéticos nestes pacientes com a síndrome não apresentou diferença estatística. Os autores compararam a microbiota do grupo SII e do grupo controle de acordo com a ingestão de cada macronutriente de acordo com a recomendação diária de ingestão (RDI), sendo que, de acordo com a ingestão de carboidratos, os controles apresentaram aumento de R. gnavus e Erysipelotrichaceae, enquanto pacientes com SII aumento de Prevotella copri, Parabacteroides e Synergistaceae. Quanto a ingestão de lipídeos, houve um aumento em Bacteroides, Streptococcus anginosus, Adlercreutzia, Rikenellaceae, Dialister e Parabacteroides distasonis no grupo SII e de Ruminococcaceae no grupo controle. Em relação as proteínas o grupo SII apresentou aumento de Lactobacillus. Para os indivíduos que apresentaram boa adesão a DM, Bacteroides estava aumentada no grupo SII e R. gnavus no grupo controle, e os que não aderiram a DM, houve aumento de Peptostreptococcaceae no grupo SII.
Assim os autores concluíram que existe uma associação entre hábitos alimentares e biomarcadores da microbiota intestinal em pacientes com SII. A aderência a DM reduz o risco de sintomas GI severos.