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Ostomia: como cuidar do paciente?

Durante alguns tratamentos médicos, é possível que uma pessoa receba uma ostomia. Nesse procedimento, realiza-se uma comunicação entre um órgão e o meio externo, podendo ser necessário há longo prazo, por isso, uma dúvida pode surgir: como cuidar dessa pessoa em casa?

Ostomia: como cuidar do paciente? | Imagem: shutterstock

Em princípio, é importante dizer que uma pessoa com ostomia pode, sempre que possível, seguir a vida normalmente, realizar suas atividades diárias, trabalhar, viajar e viver em sociedade sem nenhum prejuízo.

Mas é fato, alguns cuidados especiais são necessários e por isso, o próprio SUS – Sistema Único de Saúde – oferece os Serviços de Atenção às Pessoas Ostomizadas, que incluem orientações para o autocuidado, a prevenção e o tratamento de complicações, capacitação de profissionais e fornecimento de equipamentos utilizados no manejo das ostomias.

Pessoas ostomizadas são consideradas portadoras de deficiência física, permitindo a elas alguns benefícios como a compra de veículos adaptados com isenção de impostos, isenção da tarifa em transporte urbano coletivo, entre outros.

Além disso, em 2007, o Congresso Nacional, através da Lei nº 11.506, instituiu o dia 16 de novembro como Dia Nacional dos Ostomizados. E, embora seja uma condição pouco frequente na sociedade, convidamos a Regiane Pinheiro, nutricionista do Ganep Lar, para esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto.

O que é uma ostomia?

A ostomia é um procedimento cirúrgico, que consiste na abertura de um pequeno orifício permitindo a comunicação entre o órgão interno para o meio externo.

Realizadas no sistema respiratório, sistema digestório ou sistema urinário, as ostomias podem ser temporárias ou permanentes e são mais comuns em condições como tratamento de câncer, doenças inflamatórias intestinais, doenças neurológicas ou mesmo em decorrência de um acidente que resulte em lesão no abdômen, por exemplo.

Quais são os tipos de ostomia?

Elas podem ser separadas de acordo com a seguinte classificação:

– Ostomia de respiração: representada pela traqueostomia (orifício realizado pelo médico, no pescoço do paciente, para facilitar a chegada de ar nos pulmões);

Ostomia de alimentação: representada pela gastrostomia e jejunostomia;

Ostomia de eliminação:  permite a eliminação de fezes e/ou urina, por meio de uma colostomia, ileostomia ou urostomia.

Para que serve uma gastrostomia e jejunostomia?

Jejunostomia e gastrostomia são tipos de ostomia que servem como uma via alternativa de alimentação.

Quando a pessoa não consegue se alimentar por boca, é indicado que ela passe a receber a alimentação através de uma sonda. Essa sonda pode ser passada do nariz até o estômago, por exemplo, ou pode ser realizado um orifício entre o estômago e o meio externo (gastrostomia) ou no intestino (jejunostomia) que permitirá a oferta da alimentação líquida (dieta enteral) diretamente no órgão.

Normalmente, indica-se esse procedimento quando o paciente possui a previsão de receber a dieta enteral por período prolongado, normalmente superior a quatro semanas.

Leia também: O que é nutrição enteral?

Como deve ser a dieta ofertada pela gastrostomia e jejunostomia?

A nutricionista Regiane esclarece que a posição da ostomia influenciará o tipo de dieta a ser ofertada.

As dietas administradas via gastrostomia, ou seja, que passam pelo estômago, sofrem o processo de digestão, o que possibilita maior tolerância às fórmulas, tolerância a grandes volumes em um tempo menor, podendo ser facilmente fracionadas ao longo do dia. Isso reduz os desconfortos como cólicas, distensão abdominal, vômitos e diarreia.

Já dietas administradas via jejunostomia, ou seja, que chegam diretamente no intestino, precisam ser oferecidas em volume menor e, de preferência, devem apresentar uma composição específica, que facilite a absorção dos nutrientes.

Além disso, as dietas enterais podem ser classificadas em artesanais e industrializadas.

As dietas artesanais (caseiras) são compostas por alimentos in natura, produtos alimentícios e/ou módulos de nutrientes ou mesclas entre eles, preparadas artesanalmente em cozinha doméstica. É um tipo de dieta mais barata, porém pode apresentar composição nutricional variável devido à falta de padronização dos procedimentos de preparo.

Já as dietas enterais industrializadas são compradas prontas para o consumo e já vem de fábrica nutricionalmente equilibrada. Podem ser encontradas na forma de pó para diluição em água ou na forma liquida, pronta para uso.

E no caso da pessoa que tem uma colostomia, como cuidar da alimentação?

A colostomia é o tipo de ostomia mais comum. Trata-se de uma ostomia de eliminação, ou seja, permite a expulsão de fezes diretamente do intestino para a bolsa conectada ao orifício da ostomia.

Embora o paciente seja orientado a seguir uma rotina normal, alguns cuidados com a alimentação são necessários para minimizar desconfortos:

– Recomenda-se a ingestão de 8 a 10 copos/ de água por dia;

– Deve-se evitar o consumo em grande quantidade de alimentos que possam causar desconfortos como gases, odor forte, diarreia e constipação. Exemplo: feijões, repolho, brócolis, alimentos enriquecidos em lactose, peixe e outros;

– Após o período de restrição alimentar devido a cirurgia, as refeições devem ser balanceadas e fracionadas em 6 refeições ao dia, com mastigação bem lenta;

– Evitar alimentos ricos em gorduras e carboidratos simples, como os doces;

– Em alguns casos, é aconselhável a prescrição de suplementos que possam melhorar o funcionamento intestinal.

Quais sinais e sintomas eu devo observar para saber se tem algum problema com meu familiar que possui uma ostomia?

É importante que o paciente em uso de uma ostomia, seja acompanhado periodicamente por uma equipe de saúde, mas no dia a dia, o cuidador ou o próprio paciente deve ficar atento a alguns sinais, tais como:

– Sangramentos no orifício da ostomia;

– Presença de secreções,

– Obstrução da sonda;

– Distensão abdominal;

– Vômitos,

– Diarreia.

Como vimos, há uma série de cuidados necessários àqueles que possuem uma ostomia, mas, sobretudo em casos em que o uso for indicado a longo prazo, é importante que as pessoas ostomizadas recebam apoio de seus familiares e cuidadores para possam conviver em sociedade com maior qualidade de vida.

 

Regiane Pinheiro
Nutricionista. Pós-graduada em Nutrição Clínica e Hospitalar pelo Ganep Educação. Nutricionista clínica do Ganep Lar. Atende no consultório casos de reeducação alimentar e emagrecimento.
@regiiane.nutrii

 

 

Referências

Guia de atenção básica à saúde da pessoa com estomia – Ministério da Saúde, 2021.

NASCIMENTO, Gisele Ferreira de Barros do; CAMPOS, Jamilie Suelen dos Prazeres.  Manual de orientação nutricional para pacientes ostomizados. BRASPEN,  São Paulo,  v. 33, n. 3, p. 248-70, mar. 2018.

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