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Vitamina D e covid-19: o que sabemos hoje?

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A deficiência de vitamina D no corpo pode ser um indicativo para outras doenças. Em um estudo publicado recentemente no periódico JAMA Network, foi possível notar que a reposição dessa vitamina em pacientes está associada com a redução da incidência de infecções do trato respiratório.

Para isso, o estudo levou em consideração se a quantidade no plasma de vitamina D medida antes de se fazer o teste para covid-19 poderia ter alguma influência sobre o resultado do teste da reação em cadeia. O estudo, realizado em um único centro médico acadêmico, incluiu 489 pacientes, com idade em torno de 50 anos, predominantemente do sexo feminino e não caucasianos.

Os participantes do estudo foram divididos em relação à medida da vitamina D em quatro grupos:

a) grupo com provável deficiência de vitamina D (25%);

b) grupo provavelmente suficiente (59%);

c) grupo que teve uma última medida de vitamina D deficiente e que teve aumento com tratamento de reposição;

d) grupo que teve uma última medida não deficiente e tratamento reduzido de vitamina D (os dois últimos totalizaram 16%).

Os autores aplicaram uma análise para estabelecer se o estado da vitamina D antes do teste para covid-19 se associou com uma resposta positiva à medição. No total, 15% dos participantes testaram positivo para covid-19. Os fatores de risco, significativos para a doença, foram identificados como: idade maior que 50 anos, etnia não caucasiana e estado de vitamina D no grupo A, provavelmente deficiente (21,6%) comparado com indivíduos do grupo B, provavelmente suficiente (12,2%).

O risco relativo de testar positivo para covid-19 em pessoas com provável deficiência de vitamina D foi 1,77 vezes maior do que em pessoas com provável suficiência do nutriente.

Assim, é possível que exista uma relação entre o estado da vitamina D e risco de covid-19.

Os autores concluem que existe maior risco da doença em indivíduos com provável deficiência da vitamina D e sugerem estudos clínicos, prospectivos e aleatórios para determinar se o estado dela afeta o risco para covid-19 e se o tratamento vitamínico em pessoas com essa possível deficiência pode reduzir a incidência da ação do vírus.

Relação constante

No mesmo trimestre, uma publicação israelense examinou, em estudo populacional de 4,6 milhões de usuários do serviço médico público, os resultados de exames de vitamina D entre 2010 e 2019. Israel e seus colaboradores notaram uma relação altamente significante entre a prevalência de deficiência da vitamina D e a incidência de covid-19. Adicionalmente, eles perceberam um efeito significativo e protetor para aqueles que adquiriram suplemento de vitamina D em gotas líquidas nos últimos 4 meses.

Em outro trabalho, Maghbooli e colaboradores, no Irã, descobriram que, em pacientes com covid-19 e estado adequado de vitamina D, existe uma melhor regulação do sistema imunológico, caracterizada pelo aumento de linfócitos, porém, com redução de inflamação sistêmica e da gravidade da doença e mortalidade.

Por fim, um estudo piloto publicado no The Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology apresentou a primeira evidência clínica que o uso de vitamina D poderia tratar covid-19. Pacientes foram aleatoriamente divididos na admissão hospitalar para receber um suplemento de calcifediol ou não. Todos os pacientes também receberam hidroxicloroquina e azitromicina.

Os autores observaram no grupo sem calcifediol que 50% dos pacientes com covid-19 foram admitidos na UTI e dois faleceram. Já no grupo com o suplemento, somente 2% foram internados na UTI e nenhum faleceu. Vale ressaltar que o calcifediol é 3,2 vezes mais efetivo que o suplemento de vitamina D3 para restaurar níveis sanguíneos. As limitações dessa pesquisa incluem não avaliação de obesidade, etnicidade, estado socioeconômico e medida da VitD3.

Aparentemente, existe uma forte relação entre o estado de suficiência de vitamina D e o risco para covid-19, e novos estudos mais robustos são necessários para confirmar o efeito terapêutico dessa vitamina.

 

Referências bibliográficas:

Meltzer D. et al. Association of Vitamin D Status and Other Clinical Characteristics With COVID-19 Test Results. Jama Network, 2020.

Israel A. et al. The link between vitamin D deficiency and Covid-19 in a large population. BMJ, 2020.

Maghbooli Z. et al. Vitamin D sufficiency, a serum 25-hydroxyvitamin D at least 30 ng/mL reduced risk for adverse clinical outcomes in patients with COVID-19 infection. PLoS ONE, 2020.

Castilloa M. et al. Effect of calcifediol treatment and best available therapy versus best available therapy on intensive care unit admission and mortality among patients hospitalized for COVID-19: A pilot randomized clinical study. The Journal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology, 2020.

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