A boa nutrição é muito importante para a manutenção da saúde e é essencial ao tratamento de doenças, como o câncer. Os cuidados com a escolha dos alimentos e dos nutrientes a serem ingeridos precisam começar logo após o diagnóstico, conforme indicam suficientes evidências científicas. Isso porque o tratamento nutricional deve ocorrer em paralelo aos tratamentos médicos contra o tumor, sejam eles medicamentosos e/ou sessões de quimio e radioterapia. É que manter uma alimentação adequada contribui para o sucesso dessas terapias e para maior tolerância aos medicamentos.
Mas convém tomar cuidado antes de adotar uma nova dieta contra o câncer. Nem tudo que encontramos na internet é real e confiável. Muitas vezes, as informações são confusas, conflitantes ou restritivas, sem que hajam evidências científicas para comprová-las.
Por isso, reunimos agora as informações mais confiáveis sobre nutrição e câncer. Queremos apresentar a vocês o que a ciência já sabe sobre alimentos e componentes que podem auxiliar o tratamento do câncer, além de deixar claro o que é mito e o que é verdade sobre o assunto. Vamos nessa?
Conteúdo
- 1 1. Todas as pessoas com câncer devem consumir a mesma quantidade de calorias diárias.
- 2 2. Consumir o total de calorias indicadas pelo profissional de saúde garante um bom estado nutricional.
- 3 3. Existe um tipo de proteína que ajuda mais durante o tratamento do câncer.
- 4 4. Não comer carboidratos ajuda o tratamento.
- 5 5. O consumo de ômega-3 é importante para o tratamento.
- 6 6. Todas as pessoas com câncer devem consumir suplementos de vitaminas e minerais.
1. Todas as pessoas com câncer devem consumir a mesma quantidade de calorias diárias.
Mito. A ingestão diária de calorias e demais nutrientes é uma questão muito individual, já que leva em consideração fatores como o sexo, idade, peso, tipo de tumor e tratamentos realizados, dentre outras informações relevantes. Por isso, o profissional de saúde deve ser consultado para traçar as necessidades específicas de cada paciente. É esse profissional que avaliará a presença de distúrbios nutricionais, a ingestão nutricional atual, mudanças de peso e índice de massa corporal (IMC), perda de massa muscular, desempenho físico e presença de inflamação*1. Após essa avaliação, o profissional poderá decidir a conduta nutricional mais adequada, definindo quantidade de ingestão energética energia e grupos de alimentos e nutrientes que serão necessários. É importante ressaltar que, pacientes oncológicos frequentemente apresentam aumento do gasto energético*2, portanto, eles precisam consumir uma maior quantidade de alimentos e nutrientes para não perderem peso e/ou massa muscular.
2. Consumir o total de calorias indicadas pelo profissional de saúde garante um bom estado nutricional.
Mito. Não basta atingir a meta diária na ingestão de calorias. Você deve, também, se preocupar com o consumo adequado de alguns nutrientes, principalmente proteínas. Alimentos fonte de proteínas incluem carnes, laticínios e ovos. Diretrizes nacionais e internacionais orientam que pacientes com câncer devem consumir mais desse nutriente do que pessoas não doentes*1, o que previne a perda de músculo*3*4 e diminui o risco de desnutrição, que pode ser mais grave nos pacientes oncológicos, resultando em um importante comprometimento da qualidade de vida do paciente.*4
3. Existe um tipo de proteína que ajuda mais durante o tratamento do câncer.
Parcialmente verdade. Existe um tipo de proteína que ajuda mais durante o tratamento do câncer. Parcialmente verdade. Para que a produção de músculo aconteça, é importante ingerir proteína e uma variedade de aminoácidos (moléculas que formam as proteínas). Estudos indicam que consumir um tipo específico de aminoácidos, os de cadeia ramificada e, especificamente, a leucina, pode potencializar essa síntese muscular. A leucina é um aminoácido encontrado em alimentos de origem animal ou suplementos alimentares que age combatendo a dificuldade que pacientes com câncer desnutridos e com caquexia têm de produzir músculo.*6*7 No entanto, esses benefícios parecem não ser tão relevantes em pacientes com câncer avançado*8.
4. Não comer carboidratos ajuda o tratamento.
Parcialmente verdade. O consumo exagerado de carboidrato refinado, como o açúcar, é um dos principais responsáveis pelo aumento da gordura no corpo e a obesidade está associada ao aumento no risco de vários tipos de câncer*11. O elevado consumo de açúcar também contribui para aumento da inflamação, o que é prejudicial aos pacientes doentes. Dessa forma, é possível afirmar que o alto consumo de açúcares aumenta o risco de câncer, especialmente o de mama*10. Considerando isso, seu consumo elevado deve ser evitado por todos, independentemente do diagnóstico de câncer. No entanto, com exceção do açúcar, não há recomendação para reduzir ou eliminar o consumo de alimentos saudáveis que sejam fontes de carboidratos durante o tratamento oncológico.*9 Uma dieta low carb pode ser avaliada de forma individualizada e pode ser adequada a alguns pacientes oncológicos específicos, mas só devem ser instituídas sob orientação e acompanhamento de profissionais de saúde.*1
5. O consumo de ômega-3 é importante para o tratamento.
Mito. Vários estudos sugerem benefícios adicionais ao associar ácidos graxos ômega-3 à dieta durante o tratamento do câncer, tais como a melhora no apetite, aumento do peso corporal, diminuição das complicações após cirurgias e melhora da qualidade de vida em pacientes oncológicos com perda de peso. *1*12 Mas a dose a ser suplementada precisa ser definida e orientada pelo profissional de saúde*12.
6. Todas as pessoas com câncer devem consumir suplementos de vitaminas e minerais.
Verdade. Pacientes com câncer devem ingerir vitaminas e minerais em quantidades aproximadamente iguais às recomendadas a indivíduos saudáveis. O uso de superdoses não é indicado. Porém, devido à perda de apetite e alterações relacionadas ao tratamento, muitas pessoas com câncer não conseguem seguir uma alimentação equilibrada e variada, o que faz com que a ingestão de vitaminas e minerais fique abaixo de suas necessidades diárias. Nesse caso, adaptações da dieta, suplementos nutricionais e suplementação de vitaminas e minerais podem ser necessários para complementar a alimentação, evitar e corrigir deficiências. Lembrando mais uma vez que o consumo deve ser feito apenas sob orientação de um profissional de saúde. *1
Texto elaborado pela nutricionista Juliana Pastore
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