A cafeína é uma substância alcalóide, psicoativa, altamente consumida mundialmente, que atua como estimulante e diurético no organismo. A substância é principalmente encontrada no café, porém pode está presente em mais de 60 espécies de plantas em todo o mundo, que funcionam como chás, medicamentos, suplementos e até refrigerantes. Veja a onde ela pode ser encontrada:
Além dessas formas mais conhecidas, podemos encontrar a cafeína nos seguintes produtos, sendo utilizado principalmente por atletas:
-Barras e géis
-Chiclete com cafeína
-Enxaguante bucal
-Sprays de aerossol com cafeína nasais e bucal
No organismo é absorvida pelo intestino delgado e metabolizada pelo fígado, seu pico médio na circulação ocorre após 30 minutos da sua ingestão. A substância atua em diversos sistemas, como, o sistema nervoso central, sistema imunológico, sistema digestivo e sistema respiratório, com efeitos positivos e negativos sobre eles.
A atuação da cafeína:
A cafeína atua em diversos sistemas, mas destaca-se sua ação no SNC. No cérebro, a substância atua como estimulante psicomotor atuando no sono, cognição, aprendizagem e memória. Estudos têm demonstrado benefícios no tratamento do mal de Alzheimer, doença de Parkinson, epilepsia, enxaqueca, depressão e esquizofrenia.
Algumas pesquisas mostram que doses baixas da cafeína (250 mg) já é capaz de promover efeito benéfico, trazendo sensações de prazer, paz e euforia. Entretanto, o consumo superior a 500 mg, pode induzir efeitos adversos como tensão, nervosismo, ansiedade, excitação, irritabilidade, náusea, palpitações e inquietação.
No sistema imunológico, o seu benéfico se dá pelo seu potencial imunomodulador e anti-inflamatório, sugerindo um potencial terapêutico em doenças hematológicas relacionadas ao mau funcionamento do sistema imunológico. No TGI o seu efeito se mostra negativo, uma vez que muitos pacientes, especialmente com gastrite, relatam incomodo após a sua ingestão. Isso se dá pela sua estimulação da secreção de ácido gástrico, relaxamento da musculatura lisa aumentando a concentração de gastrina e estimulo da secreção de ácido clorídrico, causando maior risco de inflamação do intestino e estômago.
No sistema respiratório, a cafeína tem sido usada especialmente no tratamento da apneia da prematuridade. Na função cardíaca, causa maior liberação de dopamina e noradrenalina, aumentando a contração muscular do coração. Há, ainda uma importante ação ergogênica, sendo muito utilizada por atletas como suplemento pré-treino.
Recomendações a seu uso:
Apesar de seus benefícios, devemos nos atentar a quantidade ingerida, uma vez que o limite de toxicidade da cafeína parece ser de 400mg/dia em adultos saudáveis, 100mg/dia em adolescentes saudáveis e 2,5 mg/kg/dia em crianças saudáveis, seu excesso aumenta o risco de efeitos adversos já citados.
O consumo em excesso é potencialmente maléfico a alguns grupos, como as gestantes, podendo resultar em retardo de crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer, subfertilidade e aborto espontâneo. Adolescentes, crianças e hipertensos devem ter o consumo de cafeína reduzido, devido aos seus efeitos estimulantes.
Em conclusão, podemos dizer que a cafeína tem sim os seus efeitos benéficos ao organismo, entretanto, devemos nos atentar a altas doses da substância.
Referências
Rodak, K.; Kokot, I.; Kratz, E.M. Caffeine as a Factor Influencing the Functioning of the Human Body—Friend or Foe? Nutrients 2021, 13, 3088.
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Wickham KA, Spriet LL. Administration of Caffeine in Alternate Forms. Sports Med. 2018;48(Suppl 1):79-91. doi:10.1007/s40279-017-0848-2
SANTOS, André Luís Prudêncio dos et al. Efeitos da Cafeína no Organismo. Revista Saberes, São Paulo, v. 3, n. , p. 45-52, jul. 2015.
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal