Consumo de café e risco de desenvolvimento de hipertensão

Postado em 20 de outubro de 2020 | Autor: Nicole Perniciotti

Pesquisadores avaliaram quantitativamente o consumo de café em mais de 8 mil participantes

Pessoa coando café

O consumo de café é cultural pelos brasileiros e muito se tem especulado sobre o risco de desenvolvimento de hipertensão relacionado a esse consumo, e um estudo brasileiro avaliou essa hipótese.

O estudo:

O estudo de coorte prospectiva avaliou os dados do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto – ELSA-Brasil, composto por coorte de 15.105 servidores públicos com idade entre 35 e 74 anos, em 6 cidades brasileiras (Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória).

Foram avaliados dados de 8.780 participantes, inicialmente sem histórico de hipertensão, durante um seguimento médio de 3,9 anos. O consumo de café foi avaliado através de questionários de frequência alimentar (QFA) e categorizado em 4 grupos.

Os grupos:

A ingestão de café foi categorizada através do índice de consumo de xícaras contendo 50 ml por dia em: nunca / quase nunca, menor ou igual a 1 xicara, de 1 a 3 xícaras e maior que 3 xícaras. O estado de hipertensão foi definido pela pressão arterial sistólica ≥140 mmHg, pressão arterial diastólica ≥ 90 mmHg, uso de tratamento anti-hipertensivo ou ambos.

Os resultados:

Dos voluntários totais, 90% dos participantes tomavam café, 51% relataram consumir pelo menos 2 vezes ao dia e 32% mais de três vezes ao dia. A média de café ingerido foi de 150 ml ao dia, destes 98,2% foram cafés cafeinados e 82,7% cafés filtrados. Dos participantes avaliados, um total de 1.285 desenvolveram hipertensão. Comparando o grupo que nunca ou quase nunca bebiam café com o grupo que consumia de 1 a 3 xícaras ao dia, o risco foi menor nos consumidores de café (RR 0,82 / IC 95%: 0,68-0,97) ( P para interação = 0,018).

Após a estratificação dos voluntários tabagistas, os resultados revelaram uma diminuição do risco de hipertensão em nunca fumantes (60,2%) que bebiam 1-3 xícaras de café ao dia (RR 0,79, IC 95%: 0,64-0,98). Fumantes e ex-fumantes não demonstraram diferenças significativas ao risco do desenvolvimento de hipertensão

Conclusão:

Os pesquisadores descobriram que a associação entre o consumo de café e a incidência de hipertensão não teve relevância significativa, mas sim, relacionado ao fumante e ex-fumante. O consumo moderado (1 a 3 xícaras ao dia) de café neste estudo, demonstrou um efeito benéfico sobre o risco de hipertensão, em nunca fumantes.

Um grande número de estudos sobre o café e aumento da pressão arterial vem sendo publicado e tem resultados contraditórios, mais estudos precisam ser feitos para comprovação deste resultado.

 

Referência:

Miranda, A. M., Goulart, A. C., Benseñor, I. M., Lotufo, P. A., & Marchioni, D. M. (2020). Coffee consumption and risk of hypertension: a prospective analysis in the cohort study. Clinical Nutrition.

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