A terapia nutricional, seja no ambiente hospitalar ou domiciliar, tem como objetivo reestabelecer o estado nutricional do paciente e favorecer sua recuperação clínica.
A partir da avaliação do risco nutricional combinada a avaliação clínica do paciente, a equipe que o acompanha determina a melhor via de alimentação, oral, enteral ou parenteral. A alimentação via oral deve ser priorizada e incentivada, sempre que o paciente apresentar condições para tal.
O nutricionista é o profissional que acompanhará a ingestão alimentar do doente e esta deve garantir que 100% das necessidades nutricionais sejam atingidas. No entanto, mudança ambiental ou condição clínica do paciente são fatores que podem afetar a aceitação alimentar.
Quando a ingestão alimentar fica abaixo de 75% por três dias ou mais, suplementos orais devem ser considerados. Estes, assim como a própria alimentação, devem ser indicados de forma individualizada, considerando hábitos, preferências, intolerâncias, aversões, comportamentos alimentares e ainda garantir que as necessidades nutricionais sejam completamente atendidas.
O sucesso da terapia nutricional vai depender da adesão do paciente ao tratamento, por isso, após a indicação do suplemento, o nutricionista deve monitorar a aceitação deste e também da alimentação em geral, além de monitorar, periodicamente, o estado nutricional do doente.
Quais são os fatores que determinam a adesão ao suplemento oral?
A adesão a terapia nutricional e uso adequado do suplemento oral irá garantir a recuperação do estado nutricional, com consequente impacto positivo na sua recuperação clínica.
Podemos destacar quatro fatores relacionados a boa adesão ao suplemento oral:
- Volume do suplemento consumido ao longo do dia
- Intolerância ao suplemento, como aparecimento de sintomas gastrointestinais
- Monotonia de sabores
- Presença de depressão e anorexia associada a doença de base
Através do acompanhamento do paciente, esses fatores podem ser precocemente observados e o nutricionista poderá traçar estratégias individualizadas que promovam a adesão ao suplemento oral.
Dados do estudo EFFORT, comparou os efeitos de uma orientação nutricional individualizada aos efeitos de uma dieta padrão sobre a evolução clínica de pacientes hospitalizados que estavam em risco nutricional. No estudo, orientações nutricionais individualizadas incluíram o cálculo das necessidades calóricas e proteicas e a oferta de refeições preparadas no hospital, mas adaptadas de acordo com preferências do paciente e enriquecidas com leite em pó, lanches entre as refeições e suplementos orais, se necessário.
Ao final de 30 dias de acompanhamento, os pesquisadores observaram que, comparado aos indivíduos que receberam a dieta padrão do hospital, 79% daqueles pacientes que receberam orientação nutricional individualizada atingiram a meta calórica e 76% atingiram meta proteica, contra 54% e 55%, respectivamente, do grupo controle. Além disso, esses pacientes apresentaram menores taxas de readmissão hospitalar, complicações clínicas, menor mortalidade e menor declínio funcional.
7 estratégias que melhoram a adesão dos pacientes ao consumo do suplemento oral
Algumas estratégias podem favorecer a adesão ao uso de suplementos orais e, consequentemente, promover a recuperação do estado nutricional do paciente.
- Ajustar o volume do suplemento
- Aumentar o fracionamento
- Identificar o melhor horário para oferta do suplemento
- Ajustar a temperatura
- Servir o suplemento fora da sua embalagem original
- Variar os sabores oferecidos
- Conscientizar paciente e cuidadores sobre a importância do suplemento oral
No e-book abaixo detalhamos essas estratégias e ainda sugerimos uma ferramenta que poderá auxiliar no monitoramento da adesão ao consumo do suplemento oral. Pois, tão importante quanto conhecer os melhores suplementos e realizar a indicação mais adequada ao paciente, é monitorar e incentivar a sua aceitação.
Ebook – Como melhorar a aceitação dos suplementos orais
Referências
Matsuba, CST et al. Diretriz BRASPEN de Enfermagem em Terapia Nutricional Oral, Enteral e Parenteral. BRASPEN J 2021; 36 (Supl 3): 2-62
Schuetz P, Fehr R, Baechli V, et al. Individualised nutritional support in medical inpatients at nutritional risk: a randomised clinical trial. Lancet 2019;393:2312-21.
Waitzberg, DL. Nutrição Oral, Enteral e Parental na Prática Clínica. 5 ed. Rio De Janeiro: Atheneu Editora, 2017.
Patrocínio:
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal