A alimentação, incluindo o consumo de fibras e vegetias, é um dos fatores ambientais em que mais impacta a saúde em longo prazo. A dieta pode prevenir ou aumentar o risco para diversas doenças, como as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), além de influenciar diretamente a composição da microbiota do gastrointestinal.
A microbiota intestinal apresenta vários benefícios a saúde, como maturação imunológica, biossíntese de vitaminas, potencial antioxidante e produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), despertando grande interesse científico nos últimos anos.
Estudos anteriores relacionaram a alta ingestão de fibras, a substituição de AGCCs por PUFAs (ácidos graxos poliinsaturados) e dieta mediterrânea com uma melhor composição microbiana, entretanto essa associação ainda é pouco clara e escassa na literatura.
Uma pesquisa finlandesa examinou a associação entre a microbiota intestinal e o consumo de dieta saudável, com o objetivo de avaliar se as escolhas alimentares teriam relação com a composição da microbiota intestinal, além de identificar os principais táxons bacterianos relacionados à produção de AGCCs.
Os pesquisadores recrutaram 4.930 participantes, sendo eles 75% mulheres em idade entre 24 a 74 anos. Para a informação dietética, utilizaram o questionário de frequência alimentar (QFA) contendo 42 itens alimentares com 6 opções de frequência de consumo, onde a soma das respostas foi transformada em um escore de escolhas alimentares saudáveis (EAS).
Além disso, a partir de amostra de fezes, avaliariam a diversidade microbiana (diversidade alfa) e diferenças de composição (diversidade beta) e sua associação com o escore EAS por meio de uma regressão linear.
Resultados
Como resultado, os pesquisadores observaram que as mulheres tendem a ter o escore de EAS mais alto, quando comparados a homens, onde viram diferença de ingestão principalmente em frutas e vegetais.
Com relação à composição microbiana, tanto a diversidade alfa quanto a beta tiveram associação com o escore de EAS. Para a diversidade alfa os alimentos associados foram pães ricos em fibras, aves, frutas e queijos com baixo teor de gordura e para diversidade beta a associação se teve devido à ingestão de vegetais e frutas.
Além disso, observaram que a produção de AGCCs teve uma ligação positiva com o escore EAS.
Consumo de fibras e vegetais influencia a microbiota intestinal
Em conclusão, os pesquisadores relatam que a dieta rica em vegetais, fibras e PUFAs são associadas à maior diversidade da microbiota intestinal, ressaltando que a ingestão de uma dieta balanceada e rica em vegetais é recomendada universalmente como grande aliada da saúde.
Referência
KOPONEN, Kari K et al. Associations of healthy food choices with gut microbiota profiles. The American Journal Of Clinical Nutrition, [S.L.], v. 114, n. 2, p. 605-616, 21 maio 2021. Oxford University Press (OUP).
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal