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Hipofosfatemia em crianças na UTI e o efeito da nutrição parenteral

Hipofosfatemia em crianças

A hipofosfatemia é caracterizada pela queda na concentração de fosfato plasmático. Quando ocorre após a reintrodução do suporte nutricional, ela é conhecida como “hipofosfatemia de realimentação”. Pesquisas indicam que esta é uma condição comum em crianças na UTI, e que o uso de nutrição parenteral aumentaria o risco da sua incidência.

Hipofosfatemia em crianças

Sendo assim, uma nova pesquisa teve como objetivo investigar a prevalência da hipofosfatemia de realimentação em crianças gravemente doentes, bem como seus fatores de risco e o efeito da nutrição parenteral precoce. Continue lendo para descobrir os resultados.

Metodologia: 1.247 crianças foram investigadas

Trata-se de uma análise secundária de um RCT multicêntrico, com dados de crianças internadas em três UTIs pediátricas. Como critério de inclusão, foram selecionadas apenas crianças com médio a alto risco de desnutrição.

Ao total, 1.247 crianças foram incluídas. Os participantes foram aleatoriamente designados em dois grupos:

  • Nutrição parenteral precoce (n = 618): a NP iniciou em até 24 horas após a admissão na UTI.
  • Nutrição parenteral tardia (n = 629) : a NP iniciou após o 7º dia de admissão na UTI.

Além da nutrição parenteral, ambos os grupos também receberam micronutrientes intravenosos (vitaminas, eletrólitos e oligoelementos) que poderiam estar ligados à incidência da hipofosfatemia.

A nutrição parenteral precoce foi fator de risco para hipofosfatemia

Após a análise dos dados, os autores relataram uma prevalência de 3% (n = 40) de hipofosfatemia de realimentação nas crianças estudadas. Destas, 78% (n = 31) estavam incluídas no grupo de NP precoce, e apenas 9% no grupo de NP tardia.

Sendo assim, os pacientes sob uso de a nutrição parenteral precoce tiveram cinco vezes mais chances de apresentar um quadro de hipofosfatemia.

Ademais, o aumento do aporte calórico provindo da NP também diminuiu as concentrações de fosfato. A cada 1% de aumento (em % kcal do gasto energético de repouso), houve uma diminuição de 0,002 mmol/L nos níveis de fosfato sérico.

Apesar disso, a nutrição parenteral não foi o único fator de risco de hipofosfatemia. Crianças em idades mais avançadas e com alta pontuação para risco de mortalidade também tiveram mais chance de desenvolver o quadro.

Por fim, os pacientes que apresentavam hipofosfatemia tiveram piores desfechos clínicos. Houve um maior tempo de permanência na UTI (aumento de 56%) e maior tempo de internação (aumento de 42%). Não se sabe se essa foi uma relação causal, ou apenas reflexo da doença grave.

Por que a NP se associa à hipofosfatemia?

Em pacientes desnutridos (como na amostra de crianças estudadas), ocorre a depleção de eletrólitos intracelulares, tal como o fósforo.

Quando há reintrodução da nutrição, como é o caso da nutrição parenteral, o estímulo à síntese de glicogênio, gordura e proteína também requerem minerais como fósforo, magnésio e tiamina. Além disso, estimula-se a captação intracelular de potássio, fósforo e magnésio.

Juntos, esses processos podem levar à diminuição das concentrações de minerais no sangue, sendo a hipofosfatemia a mais característica.

No estudo em questão, a NP tardia foi menos associada à hipofosfatemia. Segundo os autores, isso pode ser explicado pelo fornecimento de nutrientes mais gradual desta terapia.

Conclusão

Apesar da baixa prevalência de hipofosfatemia (3%), o uso de nutrição parenteral precoce aumentou o risco de desenvolvimento da condição. Além disso, os desfechos clínicos da hipofosfatemia foram desfavoráveis, com aumento no tempo na UTI e de internação.

Sendo assim, é importante monitorar as concentrações de fosfato em crianças na UTI, especialmente naquelas com mais fatores de risco (como idade avançada e risco de mortalidade).

Clique aqui para ler o artigo completo.

Referência

VELDSCHOLTE, K. et al. Early hypophosphatemia in critically ill children and the effect of parenteral nutrition: A secondary analysis of the PEPaNIC RCT. Clinical Nutrition, v. 41, n. 11, p. 2500-2508, 2022.

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