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Melhorar a força muscular ajuda idosos com DM2 a controlar os níveis de glicemia

melhorar força muscular

Fonte: Canva

O Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) é uma das maiores epidemias de saúde pública mundial. 

Em pacientes idosos, a doença frequentemente se entrelaça com alterações na composição corporal, levando a uma condição de alto risco conhecida como obesidade sarcopênica (OS) – ou seja, a coexistência da sarcopenia (perda de massa e força muscular) e da obesidade (excesso de gordura corporal).

Entre os idosos com DM2, aqueles com obesidade sarcopênica exibem o grau mais severo de resistência à insulina, mesmo que o seu peso corporal total pareça normal. 

melhorar força muscular

Fonte: Canva

Diante desse cenário, o manejo se torna um desafio. Intervenções tradicionais focadas apenas na restrição calórica e no exercício aeróbico, embora eficazes para a perda de peso, podem exacerbar a redução da massa muscular em idosos, aumentando o risco de fragilidade, quedas e incapacidade.

Intervenções voltadas para o aumento da força e massa muscular, como o treinamento de resistência (força) e a suplementação proteica, são bem estabelecidas para combater a sarcopenia. No entanto, o impacto dessas intervenções na metabolismo da glicose em pacientes com OS e DM2 ainda não estava claro.

Recentemente, um ensaio clínico randomizado (ECR) buscou preencher essa lacuna. Confira a seguir.

48 pacientes idosos participaram do estudo

A pesquisa foi conduzida ao longo de 12 semanas, para investigar os efeitos das intervenções de construção muscular no controle glicêmico e na resistência à insulina em idosos com DM2 e OS.

Foram selecionados 48 pacientes idosos (entre 60 e 75 anos) com diagnóstico de DM2 e obesidade sarcopênica. 

Para evitar fatores de confusão farmacológicos, foram incluídos apenas pacientes com HbA1c abaixo de 7,5% e que não estivessem utilizando medicamentos hipoglicemiantes (incluindo metformina, insulina ou secretagogos de insulina) nos 3 meses anteriores ao estudo.

A obesidade sarcopênica foi caracterizada pela presença de ambos os critérios, mensurados por análise de bioimpedância:

  • Massa muscular reduzida: índice de massa muscular esquelética (IMME) <7,0 kg/m² para homens e <5,7 kg/m² para mulheres.
  • Obesidade: percentual de gordura corporal (PGC) ≥ 25% para homens e ≥ 35% para mulheres.

Os participantes foram estratificados por sexo e randomizados em três grupos, em uma proporção de 1:1:1:

  1. Grupo controle (n=17): não receberam intervenção específica.
  2. Grupo treinamento de resistência (TR) (n=16): receberam a intervenção de construção muscular apenas através do exercício de força.
  3. Grupo treinamento de resistência + suplementação proteica (TR + SPW) (n=15): receberam a mesma intervenção de exercício combinada com a suplementação de whey protein (20 g/dia, 30 minutos após as sessões de treinamento e durante o café da manhã nos dias sem treinamento).

O principal desfecho foi a alteração na hemoglobina glicada (HbA1c) após as 12 semanas, mas outros parâmetros também foram investigados (HOMA-IR, índice de Gutt, etc).

Principais resultados da pesquisa

Os resultados do ECR foram robustos e trouxeram informações cruciais para a prática clínica e nutricional:

Melhoria no controle glicêmico e na resistência à insulina

As intervenções de construção muscular (TR e TR + SPW) resultaram em melhorias significativas nos desfechos glicêmicos e de resistência à insulina.

Nesse sentido, houve melhora na hemoglobina glicada (HbA1c) e na glicemia pós-prandial de 2 horas (2hPG).

Além disso, os níveis de resistência à insulina melhoraram, conforme demonstrado pela redução do índice HOMA-IR e pelo aumento do Gutt Index (um indicador de sensibilidade à insulina).

A força é um fator chave

Um achado notável do estudo foi a comparação entre os grupos de intervenção.

A combinação de treinamento de resistência com suplementação de whey protein (TR + SPW) não proporcionou benefícios superiores no controle glicêmico e na resistência à insulina em comparação com o treinamento de resistência (TR) isolado.

Ademais, ambas as intervenções de construção muscular levaram a um aprimoramento nos índices de função muscular, como a força de preensão manual e o teste de levantar e sentar da cadeira.

Por outro lado, não houve diferenças significativas nas alterações de peso corporal, circunferência da cintura e teor de gordura corporal entre os grupos.

Correlação direta entre força e glicemia

A análise de correlação revelou um dos resultados mais importantes do estudo: o aumento de força muscular (medidas pela força de preensão manual) foi associado com a melhora no controle glicêmico (HbA1c e 2hPG) e nos índices de resistência à insulina (HOMA-IR e Gutt index).

Essa associação sugere que o ganho de força muscular tem um papel crucial e direto no metabolismo da glicose, independentemente de outros fatores.

O que podemos concluir?

Como visto, o foco em melhorar a força muscular demonstrou ser um caminho eficaz para controlar a glicemia e reverter a resistência insulínica.

Assim, as intervenções de construção muscular, especialmente o exercício de resistência, devem ser consideradas uma estratégia não farmacológica de primeira linha para idosos com DM2 e obesidade sarcopênica

Para ler o artigo científico completo, clique aqui.

Referência:

Han, T., Liang, X., Liu, H. et al. Muscle-building interventions improve glucose metabolism in elderly type 2 diabetic patients with sarcopenic obesity. Nutr Metab (Lond) 22, 98 (2025). https://doi.org/10.1186/s12986-025-00993-2

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