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Diversidade da microbiota influencia mortalidade em UTI

microbiota intestinal e sobrevivência na UTI

Não existem mais dúvidas sobre o quanto os microrganismos que vivem em nosso corpo influenciam na saúde. Na imunidade, por exemplo, esses pequenos seres vivos auxiliam no combate à infecções, competindo com bactérias e outros patógenos pelos nutrientes disponíveis, reduzindo a proliferação desses organismos.

microbiota intestinal e sobrevivência na UTI

Fonte: Shutterstock

Considerando as variadas funções benéficas do microbioma intestinal, pesquisadores decidiram analisar a associação com a mortalidade em pacientes graves. Essa investigação permite que os profissionais de saúde conheçam mais a fundo a capacidade da microbiota e como obter resultados mais positivos nas unidades de terapia intensiva.

Comorbidades, coletas e análises

57 pacientes adultos internados na UTI do Hospital Universitário de Bordeaux em outubro e novembro de 2019 foram selecionados para participar desse estudo. As comorbidades do pacientes eram: doença respiratória crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, insuficiência cardíaca crônica, doença coronariana crônica, doença renal crônica, imunossupressão e câncer sólido ativo.

Para triar a composição fecal, através das diversidades α (expressão dos índices de Shannon e Simpson) e β (medida usando a dissimilaridade de Bray Curtis), foi coletada uma amostra com cotonete fecal na admissão do paciente, antes da administração de antibióticos. Essa amostra foi congelada para que a bacteriota (reino bacteriano da microbiota) e a micobiota (reino fúngico da microbiota) fossem adequadamente analisadas e identificadas.

O papel dos fungos e bactérias no intestino

Entre os pacientes inicialmente selecionados, 13 vieram a óbito nos primeiros 28 dias após a internação. Desses, 12 eram homens e majoritariamente com câncer sólido. Esses pacientes que não sobreviveram tinham bacteriobiota e micobiota intestinal com baixa diversidade α.

A β-diversidade apresentou diferença entre os sobreviventes e não sobreviventes apenas na bacteriobiota. Esses pacientes que não ultrapassaram os 28 dias de internação, tiveram maior abundância intestinal de Staphylococcus haemolyticus, Clostridiales sp., Campylobacter ureolyticus, Akkermansia sp., Malassezia sympodialis, Malassezia dermatis e Saccharomyces cerevisiae.

Os sobreviventes, por sua vez, tinham uma maior abundância de Blautia sp., Streptococcus sp., Faecalibacterium prausniti e Bifidobacterium sp. Os microrganismos abundantes nos sobreviventes e não sobreviventes demonstram maior propriedade inflamatória e de sobrevivência, respectivamente.

No entanto, o estudo não conseguiu alcançar uma relação causal direta entre a sobrevivência e a composição da microbiota.

Conclusão

Houve uma redução nas diversidades α de bactérias e fungos da microbiota intestinal em pacientes que não sobreviveram e elas foram independentemente associadas à mortalidade precoce na UTI. Mas, para que seja adotada uma abordagem terapêutica relacionada ao microbioma intestinal, é necessário que outros estudos demonstrem a causa dessa interferência e como possíveis mecanismos modulam a microbiota.

 

Referência

Prevel, R., Enaud, R., Orieux, A. et al. Gut bacteriobiota and mycobiota are both associated with Day-28 mortality among critically ill patients. Crit Care 26, 105 (2022). https://doi.org/10.1186/s13054-022-03980-8

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