A inanição é caracterizada por um estágio de total ausência do consumo alimentar, muitas vezes reconhecida como “fome crônica”. Como resultado, leva a uma importante e rápida perda de peso, incluindo perda de gordura corporal e massa muscular. Pode acontecer em situações em que há recusa da ingestão alimentar, como na anorexia nervosa, ou em situações de jejum muito prolongado, como preparo para uma cirurgia, resultado de um procedimento ou situação clínica, ou mesmo na ausência de oferta de alimentos.
É importante diferenciar os termos inanição e desnutrição, uma vez que a desnutrição está relacionada a oferta de alimentos/nutrientes em quantidade inferior a necessária, que tem a participação de vários fatores na sua etiologia e, em situações clínicas, pode estar associada a um quadro de inflamação (caquexia) e alguma doença.
A inanição pode levar a quadros de acidose metabólica, como relatado por Zhou e Lou que identificaram tal situação durante a cirurgia de histerectomia laparoscópica total em uma paciente que permaneceu em jejum durante três dias antes do procedimento.
O quadro de ácidos é justificado, pois em períodos de ausência do consumo de glicose, o organismo promove adaptações para produção de energia através de vias alternativas, como a β-oxidação com utilização de ácidos graxos, que gera acetil-CoA através do ciclo do ácido cítrico, com formação de β -hidroxibutirato, acetoacetato e acetona.
A recuperação do estado de inanição se dá através da oferta de alimentos de forma lenta e progressiva, para promover o reestabelecimentos de todas as funções digestivas, porém monitorando o risco de síndrome de realimentação.
Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Mestranda pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. Especialização em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela Unifesp. Tutora de cursos EAD do Ganep Educação. Coordenadora do Nutritotal.