A cirurgia bariátrica não é um procedimento isento de riscos. Complicações a curto e longo prazo podem incluir deiscência da sutura, fístulas, obstrução intestinal, colelitíase, síndrome de Dumping e deficiências nutricionais. Muitos pacientes já apresentam alterações nutricionais antes mesmo do procedimento cirúrgico. Ainda, o efeito esperado da cirurgia bariátrica (redução de peso) está relacionado à restrição da ingestão alimentar e/ou má absorção de nutrientes, que pode levar a deficiência de proteínas, vitaminas e minerais.
Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) os pacientes devem receber orientação nutricional adequada no perioperatório. Com o objetivo de evitar as deficiências nutricionais a ABESO também afirma que “A suplementação nutricional é fundamental para todos os pacientes e deve incluir suplementos polivitamínicos diários que contenham minimamente ferro, cálcio, vitamina D, zinco e complexo B em sua fórmula em quantidade adequada” e que “Quando disponíveis suplementos adequados para pacientes bariátricos com doses satisfatórias dos minerais e vitaminas deve-se dar preferência a estes”.
Não basta oferecer nutrientes em quantidades adequadas se estes não estiverem biodisponíveis. Como a cirurgia bariátrica está associada a alterações anatômicas e funcionais do trato gastrointestinal, a absorção e o metabolismo de medicamentos orais podem ser alterados. Produtos com tempos de dissolução prolongados, como formulações de liberação lenta, devem ser evitados nessa população. Uso de formulação de absorção imediata e/ou mastigáveis pode ser uma alternativa interessante a fim de melhorar a biodisponibilidade dos componentes.
Outra questão importante a ser considerada para obter sucesso no tratamento é a adesão do paciente a essa suplementação. Estudo publicado na revista Obesity Surgery evidenciou que 38,7% dos pacientes apresentam consumo irregular dos suplementos e apenas 33% apresentam um consumo confiável. Segundo Mahawar e colaboradores, 2019, o motivo da baixa adesão ao tratamento pode incluir dificuldade em lembrar-se de ingerir a medicação (45,6%), necessidade de muitos comprimidos (16,4%), ocorrência de efeitos colaterais (14,3%), custo elevado (11,5%), e sabor não agradável (10,1%).
Assim, a utilização de suplementos que contenham concentração adequada de nutrientes, boa biodisponibilidade dos componentes, que tenha sabor agradável, e que seja acessível nos aproxima da obtenção de resultados positivos.
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